Impasse Ambiental

Impasse ambiental

Com relação ao artigo "Impasse ambiental" (21/6), mais uma vez observamos a tentativa de imputar à área ambiental o ônus da falta de crescimento do país. A edição da lei federal 9.985/2000 e sua regulamentação foi um dos maiores avanços sobre a definição de critérios e de uma política consistente para a criação, implantação e gestão das Unidades de Conservação da Natureza (UCs). A lei, que institui o Sistema de Unidades de Conservação da Natureza (Snuc), foi precedida de audiências públicas e sua regulamentação, sob o patrocínio do Ministério do Meio Ambiente, contou com seminário com ampla representação da sociedade. A criação de UCs foi uma forma de tentar conter a agressão contra a Natureza. A lei estipula que o mínimo de 0,5% do valor do empreendimento seja investido. Não determina a destinação apenas para a criação de uma UC, conforme citado no artigo, mas também para a implantação e consolidação das existentes. Pretendemos evoluir na regulamentação da lei e no debate firmado nos preceitos do desenvolvimento sustentável, mas é com estranheza que vemos um conselho criado durante a Conferência Rio + 10 e que congrega o setor empresarial "afinado com o desenvolvimento sustentável" colocar os investimentos na proteção e preservação ambiental simplesmente como custos e com a sua valoração apenas nos parâmetros da economia tradicional que é insustentável.

Mauricio Lobo, presidente do Instituto Estadual de Florestas do Rio de Janeiro e presidente da Câmara Técnica de Unidades de Conservação e Demais Áreas Protegidas do Conama, (via Globo On-line, 22/6), Rio

O Globo, 25/06/2004, Cartas dos Leitores, p. 6