FSP, Ciência, p. B6
29 de Ago de 2017
Ibama veta exploração de petróleo em área de corais amazônicos
FABIANO MAISONNAVE
EM PORTO PRÍNCIPE (HAITI)
28/08/2017 22h19
Pela terceira vez, o Ibama rejeitou nesta segunda-feira (28) os estudos de licenciamento ambiental para a exploração de petróleo na foz do rio Amazonas, em área próxima a um recém-descoberto sistema de corais. A petroleira francesa Total terá apenas mais uma oportunidade para complementar as informações.
Em despacho baseado em parecer técnico, a presidente do Ibama, Suely Araújo, listou dez pendências não cumpridas pela empresa francesa, entre as quais esclarecimentos sobre a modelagem de dispersão de óleo em caso de vazamento e um projeto de monitoramento adequado.
"A modelagem de dispersão de óleo, por exemplo, não pode deixar qualquer dúvida sobre os possíveis impactos no banco de corais e na biodiversidade marinha de forma mais ampla", escreveu Araújo.
Outra ressalva do Ibama contra o licenciamento é a falta de "tratativas tratativas internacionais relacionadas aos potenciais riscos transfronteiriços no licenciamento" para Guiana Francesa, Suriname, Guiana e Venezuela, além de alguns arquipélagos caribenhos".
Ao final do parecer, Araújo afirma que é terceira e última vez que o Ibama solicita informações complementares sobre o impacto ambiental: " Caso o empreendedor não atenda os pontos demandados pela equipe técnica mais uma vez, o processo de licenciamento será arquivado".
"Esse processo é tao insano que já deveria ter sido arquivado", diz Nilo D'Ávila, coordenador de campanhas do Greenpeace no Brasil."Toda a prudência mandaria estudar mais os corais. Além disso, o mundo não precisa mais de petróleo, mas de uma revolução energética."
Descoberto em abril do ano passado, o coral se estende do Maranhão ao Amapá, com área total de 9.500 km², equivalente a seis cidades de São Paulo. É único no mundo por estar em águas profundas de pouca luminosidade.
Ao todo, a foz do rio Amazonas tem sete blocos. O mais próximo do recife pertence à Total, concessionária de cinco blocos. Em fevereiro, a empresa francesa informou que, no máximo, haveria perfuração a 35 km dos corais.
FSP, 29/08/2017, Ciência, p. B6
http://www1.folha.uol.com.br/ambiente/2017/08/1913873-ibama-veta-explor…
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