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Ibama vai negar licença de hidrelétrica do rio Tapajós, no Pará

FSP, Mercado, p. A16
03 de Ago de 2016

Ibama vai negar licença de hidrelétrica do rio Tapajós, no Pará

O maior projeto de hidrelétrica do país, a usina de São Luiz do Tapajós, no Pará, terá a sua licença ambiental negada pelo Ibama.
Baseada em pareceres da AGU (Advocacia-Geral da União), da Funai e do próprio Ibama, a comissão de licenciamento do órgão, que reúne todos os sete diretores, decidiu negar a licença por entender que, além de alagar terra indígena, o que é proibido, o projeto não traz solução para problemas ambientais que surgiram.
Não foram respondidas questões como qual seria a consequência para a fauna em determinado trecho do rio.
Sem a licença, que foi solicitada em 2009, é impossível começar o empreendimento e até mesmo fazer o leilão para a construção da usina.
A Eletrobras, que é a responsável pelo projeto, poderia dar início a um novo processo de licenciamento, mas os motivos que levaram o Ibama a negar a licença dificilmente seriam resolvidos numa nova tentativa.
Tecnicamente, falta apenas a presidente do órgão, Suely Araújo, assinar o documento que nega a licença. Araújo faz parte do comitê que, por unanimidade, deu parecer contrário ao projeto.
Questionada pela Folha, a presidente do órgão informou que "tomará sua decisão o mais breve possível".

ENERGIA
A Eletrobras tem planos de construir uma série de usinas no rio Tapajós. O governo federal chegou a anunciar várias vezes que faria o leilão desse primeiro empreendimento, que possui custo estimado em R$ 18 bilhões.
A usina teria a capacidade para gerar 8.000 MW, o que equivale a cerca de dois terços de Belo Monte (PA), a maior hidrelétrica em construção no país.

Terra indígena
A construção da usina no Pará alagaria a terra indígena Sawré Muybu, onde vivem os índios mundurucus.
Esses índios estão desde o início do processo lutando contra o projeto e, nos últimos anos, ganharam apoio de ONGs para uma campanha internacional contra o empreendimento.
No início deste ano, a Funai já havia emitido parecer dizendo que licenciar a usina seria inconstitucional.
O Ibama deu a oportunidade de a Eletrobras responder, e a estatal apresentou argumento de que a terra não está homologada e que, por isso, seria possível retirar os índios do local do alagamento.
Esse argumento não foi aceito. O parecer técnico que embasa o arquivamento aponta que, além dos problemas indígenas, os empreendedores não conseguiram apresentar argumentos para provar a viabilidade ambiental do empreendimento.

BELO MONTE
O imbróglio ambiental da construção da usina de Belo Monte influenciou ainda na decisão. Para liberar a hidrelétrica, o Ibama deu uma licença com centenas de condicionantes que a construtora tinha que cumprir antes de iniciar a operação.
As principais condicionantes sociais da licença de Belo Monte não foram totalmente cumpridas, mas mesmo assim o Ibama liberou a usina para funcionamento.
O órgão aceitou o argumento de que não teria como cumprir tudo pela falta de condições das cidades da região em aprovar e receber obras e outros benefícios.

SITUAÇÃO DA REGIÃO
No documento que nega a licença de Tapajós, o órgão informa que um dos motivos para não se licenciar a usina é a falta de condições da região para recebê-la e que essa obrigação não pode ser repassada a quem vai construir.
"Para evitar que políticas públicas deficitárias acabem interferindo na análise do licenciamento ambiental, é essencial a articulação prévia das diferentes esferas de governança (União, Estado e municípios) para enfrentamento dos problemas crônicos de equipamentos sociais na região", informa o comunicado do Ibama.

FSP, 03/08/2016, Mercado, p. A16

http://www1.folha.uol.com.br/mercado/2016/08/1798251-ibama-vai-negar-li…

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