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Homem provoca mais queimadas do que o clima, diz pesquisador

FSP, Cotidiano, p. C6
18 de Ago de 2010

Homem provoca mais queimadas do que o clima, diz pesquisador
Para ele, grande parte dos incêndios são criminosos, para abrir caminho para desmatamento
Nos últimos dois dias, Inpe registrou 7 mil focos de queimada em 7 Estados localizados na Amazônia Legal

Kátia Brasil
De Manaus

A ação humana é a principal causa da "epidemia" de queimadas na Amazônia e no Centro-Oeste neste ano, diz o pesquisador do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), Alberto Setzer, responsável por monitorar os incêndios no país.
Ele diz que fatores climáticos, que favorecem a seca prolongada no sul da Amazônia e outras partes do país, colaboram para o fenômeno, porém em escala menor.
Nos últimos dois dias, segundo o Inpe, foram registrados 9.070 focos de queimadas no país; 7.000 em sete Estados da Amazônia Legal. O processo, que o pesquisador chama de "desmatamento não-ostensivo", não é medido nas estimativas do desmatamento.
Segundo ele, o fogo está abrindo caminho para futuras derrubadas de floresta.
Isso acontece principalmente em regiões de Mato Grosso, Pará e Tocantins e estaria abrindo caminho para futuros desmatamentos.
Para Setzer, a discussão atual sobre o novo Código Florestal, em que foi levantada a possibilidade de anistia para os desmatadores, também estimula as queimadas.

Especulação
Para o coordenador do Programa Nacional de Redução e Substituição do Fogo nas Áreas Rurais e Florestais, coronel Wanius de Amorim, isso é "especulação". "Não vou falar por especulação, vou falar por dados técnicos que temos", diz.
O Ministério do Meio Ambiente informou ontem que tem monitorado as áreas de queimadas. No domingo, a ministra Izabella Teixeira sobrevoou os Estados de Goiás, Mato Grosso e Tocantins.
Colaborou Rodrigo Vargas

http://www1.folha.uol.com.br/fsp/cotidian/ff1808201017.htm

No interior do Pará, a terra queima até onde a vista alcança

Rodrigo Vargas
Apu Gomes
Enviados especiais a Xinguara (PA)

Pastos queimados até o horizonte. Áreas de vegetação rasteira reduzidas a cinzas. Nos 500 km entre Marabá e São Félix do Xingu, não fica dúvida de que o Pará vive extensa temporada de fogo.
À medida que nos aproximamos da chamada Terra do Meio, a sensação se torna ainda mais nítida. Perto de Xinguara (805 km de Belém), um pequeno morro quase desaparece em meio às cinzas.
Dois camponeses e uma criança ateiam fogo a uma pastagem. Um dos homens diz que faz só um contrafogo, uma medida de proteção para incêndios acidentais.
Diz chamar-se José da Silva. Depois assume ser nome falso: "Achei que vocês fossem do Ibama". Ele reclama do veto à queimada. "Ficou pior. Junta mais mato e na seca o fogo se espalha mais. Se nos deixassem queimar todo ano, isso não aconteceria."

http://www1.folha.uol.com.br/fsp/cotidian/ff1808201018.htm

FSP, 18/08/2010, Cotidiano, p. C6

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