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Hidrelétrica ficará menor no Xingu

Jornal Pessoal-Belém-PA
Autor: Lúcio Flávio Pinto
14 de Out de 2003

O governo Lula decidiu manter como prioritária a construção da hidrelétrica de Belo Monte, no rio Xingu, mas exigiu da Eletronorte a revisão do projeto. A nova concepção vai ter que se ajustar a um novo parâmetro: ao invés de gerar 11 mil megawatts (apenas um pouco menos do que a usina de Itaipu), Belo Monte ficará bitolada em 7,7 mil MW. Mesmo com a redução da potência em um terço da capacidade prevista anteriormente, a hidrelétrica ainda será a terceira maior do Brasil (abaixo de Itaipu e Tucuruí). Será do tamanho das duas usinas previstas agora para o rio Madeira. E continuará a ser uma usina cativa dos consumidores do sul do país. Como até agora a grande imprensa não deu atenção a essa revisão de Belo Monte, não se sabe em que estudo o governo federal se fundamentou para definir a nova geração em 7,7 mil MW e qual deverá ser o tamanho do reservatório.

Certamente a área inundada será menor, com isso aliviando ainda mais o impacto ambiental da obra. Mas esse impacto já era relativamente pequeno, mesmo na mastodôntica versão de 11 mil MW, porque praticamente não haveria reservatório e a área de inundação seria de 400 quilômetros quadrados (para 2.875 km2 em Tucuruí), apenas um pouco maior do que o nível alcançado pelo Xingu em suas cheias anuais.

O grande problema não era esse, mas a diferença entre a potência máxima da usina, de 11 mil MW, e sua potência firme, de 4,3 mil MW, que ficava abaixo do nível de viabilidade internacional. Para ajustá-la aos parâmetros de economicidade, seria necessário fazer outros aproveitamentos a montante de Belo Monte, regularizando o rio para que a energia firme pudesse subir, graças ao acúmulo de água para uso nos períodos de seca (de outro modo, as máquinas teriam que ficar completamente inativas durante três ou quatro meses do ano).

Qual a influência da redução em um terço na capacidade nominal de geração de Belo Monte sobre a potência firme? Isso, por enquanto, ninguém sabe. E ninguém viu. Já o governo, coerente com seu método de morde-e-assopra, reservou no orçamento deste ano 8,1 milhões de reais para os estudos de impacto ambiental de Belo Monte. É o dobro do dinheiro gasto pela Eletronorte com trabalho idêntico encomendado à Fadesp e que acabou sendo colocado na geladeira pela justiça federal, com base em iniciativa do Ministério Público, que questionou a irregularidade da contratação da fundação de pesquisa da Universidade Federal do Pará.

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