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Grupos separatistas tentam subdividir Pará em três Estados

FSP, Brasil, p. A9
10 de Mai de 2010

Grupos separatistas tentam subdividir Pará em três Estados
Congressistas com bases em Santarém e Marabá agilizam plebiscitos; território paraense seria reduzido a 20% do atual
Em Marabá, vereadores já decoraram Legislativo local com bandeira de Carajás; em Santarém, emissoras anunciam "hora de Tapajós"

Rodrigo Vizeu
Da agência Folha

Segundo maior Estado do país em área, o Pará vê o crescimento de movimentos separatistas que querem reduzi-lo a menos de 20% de seu atual tamanho. A ideia é criar dois novos Estados: Tapajós no oeste e Carajás no sudeste paraense.
De olho nas eleições, deputados das regiões separatistas se movimentam para aprovar ainda neste ano os projetos de plebiscitos sobre a divisão.
Em abril, a Câmara dos Deputados deu regime de urgência para as duas propostas, que agora podem ser votadas a qualquer momento. Os projetos já passaram pelo Senado.
Santarém é o centro de um movimento pró-Tapajós, que já tem até hino e bandeira. Na cidade, é comum locutores de rádio informarem "a hora do Tapajós", apesar de ela ser a mesma do resto do Pará. A Prefeitura de Rurópolis já está preparando uma placa de boas vindas ao Estado ainda inexistente.
"Na prática já somos um Estado: 80% da população do Tapajós não conhece Belém. As pessoas só vão para lá quando têm câncer", diz o deputado Lira Maia (DEM), ex-prefeito de Santarém (1.431 km de Belém).
O líder do movimento do Tapajós é o professor de literatura Edivaldo Bernardo, da Universidade Federal do Pará. A campanha separatista, afirma, é bancada pela Associação Comercial do Oeste do Pará e pelas prefeituras e câmaras dos municípios da região, que pagam material impresso e viagens de lobby a Brasília.
Em Carajás, repete-se a estratégia de agir como se a unidade existisse. Em Marabá, vereadores colocaram uma bandeira não-oficial do Estado do Carajás na Câmara Municpal.
Campanhas em escolas municipais estimulam o separatismo entre as crianças, que enviam cartas com pedido de plebiscito a congressistas.
O pecuarista, líder separatista e prefeito de Pau D'Arco, Luciano Guedes (PDT), argumenta que Carajás cresceu muito e precisa se organizar politicamente. Para ele, o tamanho do Pará torna-o inadministrável.
Contrário à divisão, o professor de geografia André Martin, da USP, diz que as unidades criam custos extras para a União e desequilibram ainda mais as relações no Congresso, já que cada nova bancada tem um mínimo de oito deputados.

http://www1.folha.uol.com.br/fsp/brasil/fc1005201010.htm

Máquina pública é mais cara em novas unidades, diz estudo

Da agência Folha

O exemplo do Pará mostra que criar novos Estados no país cria máquinas públicas mais caras. Cálculos da Folha com base em um estudo do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) mostram que as máquinas de Tapajós e Carajás custariam mais em relação aos PIBs dessas regiões do que o atual Estado do Pará.
Se passasse a existir, a estrutura oficial do Tapajós representaria 34,1% de seu PIB, enquanto Carajás custaria 18,6% das próprias riquezas. O atual Pará custa 17,2% de seu PIB.
Mesmo o que sobraria do Pará ficaria mais "caro", passando a custar 19,1% do PIB estadual.
O deputado Lira Maia, do Tapajós, diz que "outros estudos" demonstram viabilidade total dos três Estados. Ele argumenta que o Pará reduzido arcaria com menos compromissos.
Já Giovanni Queiroz, de Carajás, insiste no argumento de que Tocantins deu certo. "Palmas teve um crescimento extraordinário. Isso vale mais do que qualquer tese." (RV)

http://www1.folha.uol.com.br/fsp/brasil/fc1005201011.htm

FSP, 10/05/2010, Brasil, p. A9

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