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03 de Fev de 2025
Greenpeace flagra 130 balsas no Rio Madeira e aponta atividade garimpeira 'descontrolada' na região
ONG aponta haver uma 'epidemia de exploração ilegal de ouro' mesmo cinco meses após operação da PF para desmobilizar atividade criminosa
Luis Felipe Azevedo
03/02/2025
Cinco meses após o Ibama e a Polícia Federal (PF) destruírem 450 balsas de garimpo no Rio Madeira, o Greenpeace localizou, por meio de imagens de satélite, 130 balsas na região em janeiro. A ONG aponta que a atividade garimpeira "permanece ativa e descontrolada" na bacia de mais de 3 mil quilômetros, que liga os estados de Rondônia e do Amazonas.
"Há mais de 40 anos, o Madeira enfrenta uma epidemia de exploração ilegal de ouro, impulsionada por garimpos embarcados que dragam sedimentos de fundo do rio com maquinário pesado, destruindo o leito, contaminando as águas com mercúrio e impactando gravemente as comunidades ribeirinhas", afirma o Greenpeace Brasil.
O monitoramento, realizado entre 10 e 22 de janeiro, registrou 12 alertas distintos no Rio Madeira, na altura entre os municípios de Novo Aripuaña e Humaíta, no Amazonas. Desse total, sete deles correspondiam a balsas agregadas em operação, enquanto os outros cinco referiam-se a balsas em deslocamento rumo à áreas de garimpo ou ali ancoradas.
- A destruição causada pelo garimpo é sustentada por uma cadeia criminosa que opera com total impunidade. É urgente que o governo brasileiro adote políticas integradas que unam tecnologia, fiscalização eficiente e alternativas econômicas sustentáveis para proteger nossos rios e populações - aponta Jorge Eduardo Dantas, porta-voz da Frente de Povos Indígenas do Greenpeace Brasil.
O Greenpeace aponta que a Amazônia, 94% do garimpo ocorre em áreas protegidas, como Terras Indígenas e Unidades de Conservação. A ONG afirma que "vem pedindo às autoridades que se declare a Amazônia uma área livre" desta prática criminosa.
Criminalidade avança nos rios amazônicos
Como mostrou O GLOBO, integrantes das facções Comando Vermelho e PCC disputam com milícias paramilitares o controle das principais rotas nos rios amazônicos para garimpo, transporte de drogas e armas para outras regiões do Brasil e o exterior. Entre as rotas nos dez rios mais usados, a mais buscada é a que começa no Rio Solimões, no Amazonas, e vai até Barcarena (PA), onde está o grande porto brasileiro mais próximo dos Estados Unidos e da Europa.
Pesquisador da Universidade Federal do Amazonas, Fábio Candotti defende que as autoridades encontrem modelos sociais nos quais a droga, o garimpo e a pesca ilegal não sejam tão importantes.
- Além disso, investir recurso federal em uma segurança pública alvo de investigações por envolvimento com narcotráfico e garimpo é algo, no mínimo, muito pouco esperto - disse ao GLOBO no ano passado.
https://oglobo.globo.com/brasil/meio-ambiente/noticia/2025/02/03/greenp…
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