VOLTAR

Greenpeace contesta

OESP, Fórum dos Leitores, p. A3
Autor: EBOLI, Gladis
28 de Fev de 2007

Greenpeace contesta

O editorial Caçadores de bruxas na CTNBio (26/2, A3), ao citar o Greenpeace, comete uma série de impropriedades: 1) O Green-peace não é contra a tecnologia da transgenia por si só. Somos contra sua aplicação em ambientes abertos e, portanto, sem controle e sem avaliação própria de impacto ambiental, como ocorre na agricultura. O Greenpeace não tem campanha contra sua pesquisa e sua aplicação em ambientes confinados, como na medicina.
2) Nossa atividade realizada em Brasília focando os membros da Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio) foi feita porque esses 27 representantes têm um mandato público e suas decisões têm impacto político, social e ambiental. Eles foram nosso foco porque queremos dar maior transparência ao processo e cobrar a responsabilidade das decisões que esse grupo toma. Nem todos os membros são cientistas e, portanto, o objetivo de nossa atividade nunca foi atacar
a comunidade científica. Aliás, o Greenpeace tem várias parcerias de êxito com comunidades acadêmica e científica. 3) Os milhares de e-mails recebidos pelos membros da CTNBio foram enviados espontaneamente por cidadãos brasileiros e traduzem seu direito e sua vontade de exigir a biossegurança no Brasil. 4) O Greenpeace é uma organização adepta da não-violência, filosofia que é utilizada em todas as nossas atividades públicas. Neste caso em particular, tomamos todo o cuidado
de não fazer nenhum julgamento de valor, mas simplesmente convidar a população a se manifestar sobre a liberação de novos organismos geneticamente modificados, como o milho transgênico, que oferece grande risco de contaminação genética e apresenta alto teor residual de agrotóxicos em suas sementes. Encaminhamos à CTNBio vários relatórios científicos internacionais subsidiando essa posição. Não procede a abordagem do Estadão, mesmo tendo uma opinião organizacional pró-transgênicos, de transformar um protesto pacífico exercendo o direito garantido pela Constituição de proteção ao meio ambiente (artigo 225) numa verdadeira "caça às bruxas" entre ambientalistas e cientistas, como sugerido no editorial. O Greenpeace acredita que o desenvolvimento sustentável do Brasil só será viável se ambientalistas, cientistas, acadêmicos e políticos, entre outros, e a sociedade em geral se unirem em torno desse compromisso.

Gladis Ebloli diretora de Comunicações do Greenpeace Brasil
gladis.eboli@br.greenpeace.org São Paulo

N. da R. - Se não é violência a intimidação de que têm sido alvo os membros da CTNBio desejosos de avaliar por critérios exclusivamente científicos os pedidos de cultivo de transgênicos, o que será violência? Ou serão paranóicos os cientistas da comissão que o Greenpeace e seus aliados resolveram execrar? Talvez a leitora
possa tirar a questão a limpo, procurando o presidente do órgão, o bioquímico Walter Colli, da USP.

OESP, 28/02/2007, Fórum dos Leitores, p. A3

As notícias aqui publicadas são pesquisadas diariamente em diferentes fontes e transcritas tal qual apresentadas em seu canal de origem. O Instituto Socioambiental não se responsabiliza pelas opiniões ou erros publicados nestes textos. Caso você encontre alguma inconsistência nas notícias, por favor, entre em contato diretamente com a fonte.