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Governo vende só duas usinas em leilão de energia

FSP, Dinheiro, p. B6
11 de Out de 2006

Governo vende só duas usinas em leilão de energia
Teto de tarifas considerado baixo somado a incertezas sobre licenciamento afugentam investidor; Mauá e Dardanelos são negociadas

Janaína Leite

O leilão de energia nova da Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) foi realizado ontem, em São Paulo, sem surpresas. O teto das tarifas fixadas pelo governo foi considerado baixo e, somado às incertezas do licenciamento ambiental, afugentou possíveis interessados. Assim, apenas duas das quatro usinas ofertadas foram vendidas, Mauá e Dardanelos. Barra da Pomba e Cambuci não tiveram interessados.
O consórcio Cruzeiro do Sul, formado pela Copel (Companhia Paranaense de Energia Elétrica) e pela Eletrosul, ganhou a usina Mauá. Depois de construída, ela terá capacidade de gerar 362 MW.
A tarifa ofertada pelo Cruzeiro do Sul foi de R$ 113,15 por MWh, ante preço inicial de R$ 116,35 por MWh.
Dardanelos, por sua vez, poderá gerar 261 MW. Ela ficou com o consórcio Aripuanã. O grupo era integrado pela Neoenergia, Eletronorte, Chesf e CNO. O martelo foi batido sob uma tarifa de R$ 112,68 por MWh. O preço inicial de R$ 120 por MWh.
O modelo do leilão de energia nova é às avessas dos tradicionais. O vencedor é o grupo que arcar com a menor tarifa. O preço-teto de Barra do Pomba era de R$ 125,41 por MWh, enquanto o de Cambuci era de R$ 152,41 por MWh.
Para o mercado, a oferta de energia nova é insuficiente. "O país vai precisar de 3.000 MW ou 4.000 MW por ano para atender o crescimento da demanda", disse a analista do setor de Energia da Tendências Consultoria, Fabiana D'Atri.
Ela lembrou que o governo está centrando atenção em megaprojetos, como Belo Monte e Madeira, que dependem de mais recursos, de provável participação estatal e, portanto, têm boa chance de atrasar.
O presidente da Apine (Associação Nacional dos Produtores de Energia), Luiz Fernando Vianna, concordou. "Para ampliar o estoque de novas concessões, é preciso equacionar a questão do ambiente", afirmou ele. "O próximo governo terá o desafio de formar um grande pacto entre os Poderes e conscientizar a sociedade sobre a importância o acréscimo de novos megawatts, sob o risco de outro apagão."
Na segunda fase do leilão de ontem, foi comercializada energia para entrega às distribuidoras em 2011.
Ao todo, conforme dados da CCEE (Câmara de Comercialização de Energia Elétrica, 1.104 MW médios acabaram vendidos, iguais a 99,6% da demanda das distribuidoras. Foram negociados 219,9 milhões de MWh, algo que equivale a R$ 27,7 bilhões.
Para Vianna, a demanda foi baixa e há espaço para a colocação de mais energia no mercado, especialmente a partir de 2007. "Quem negociou no modelo anterior poderá vender a energia como nova até 2007. A partir daí, não", explicou.

FSP, 11/10/2006, Dinheiro, p. B6

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