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Gasoduto de Coari espera parecer ambiental Economia

Jornal do Commercio-Manaus-AM
Autor: Margarida Galvão
07 de Fev de 2004

Contando com a parceria do governo do Estado, a Petrobras está na pendência do parecer final do Ipaam (Intituto de Proteção Ambiental do Amazonas) para lançar o edital de chamamento das empresas que irão construir o gasoduto, uma obra orçada em R$ 1,1 bilhão.

A classe empresarial do PIM (Pólo Industrial de Manaus) está na pendência de que o processo de utilização do gás natural encontrado na base petrolífera de Urucu, em Coari, seja agilizado. Do contrário, os empresários temem que o parque energético local não suporte a atual demanda e entre em colapso. "Se o número de empresas do PIM crescer 5% o parque energético não suportará", afirmou o presidente da Fieam (Federação das Indústrias do Estado do Amazonas), José Nasser.

Em reunião com a empresários locais na sede da entidade, na última quinta-feira, o coordenador de gás e energia da Petrobras no Amazonas, Ronaldo Mannarino, disse que o processo está sendo agilizado e a expectativa da estatal é que o chamamento ocorra neste primeiro semestre.

Jornal do Commercio - Em que estágio se encontra o projeto de construção do gasoduto Coari-Manaus?

Ronaldo Mannarino - Está na fase final do licenciamento ambiental. Cumprimos todas as etapas do estudo ambiental, realizamos as audiências públicas. O Ipaam (Instituto de Proteção Ambiental do Amazonas) nos fez alguns questionamentos - à Petrobras e à Ufam(Universidade Federal do Amazonas). Estamos aguardando o parecer final do instituto.

JC - O senhor tem previsão de quando iniciam as obras de construção do gasoduto?

Mannarino - Imediatamente após a liberação da instalação. Não no sentido da obra propriamente dita, mas das licitações - dentro do processo aprovado licitado - para as empresas trabalharem.

JC - A previsão é para o primeiro semestre deste ano?

Mannarino - Claro. A liberação da licença de instalação é o documento legal que nos permite iniciar a execução da obra, no sentido de contratar as empresas que vão realizar os serviços, fazer a liberação da faixa de servidão - local aonde vai passar o gasoduto.

JC - Explique como funciona a faixa de servidão?

Mannarino - São os contatos realizados com os proprietários e até mesmo posseiros que estão localizados na área por onde vai passar o gasoduto para a devida liberação da área, inclusive realizar as indenizações.

JC - A construção do gasoduto leva quanto tempo?

Mannarino - Está prevista para dois anos, o que significa 2006.

JC - Após concluído o gasoduto, em quanto tempo a Petrobras avalia que a distribuição do gás será feita?

Mannarino - Imediatamente será utilizado na geração termelétrica. Agora a distribuição para gás natural veicular é uma ação integrada. Quando o gasoduto entrar na fase final já poderemos ter empresas instalando conversão de gás, o que certamente vai ocorrer.

Concorrência é muito pequena

JC - O gás irá desencadear uma série de processos industriais?

Mannarino - Não somente industrial, mas veicular e residencial. Na fase final da construção haverá toda uma movimentação para viabilizar a instalação de postos de abastecimento de gás natural veicular, que poderá ser concomitante ao final da obra. Tudo isso é uma ação que vai acontecer a partir da chegada do gás.

JC - Existe conflito por parte da Petrobras concernente a venda de GLP e gás natural?

Mannarino - São combustíveis. Assim como tem o gás de cozinha, que é utilizado na casa de todo mundo, o gás natural quando chegar e for distribuído para uso doméstico concorre de alguma forma, só que numa parcela muito pequena.

Concorrência do gás natural com GLP vai ser pequena

JC - Chegará a ser um conflito?

Mannarino - Não, porque a distribuição do gás natural se expande muito lentamente. Haverá a necessidade de fazer as linhas de distribuição.

JC - A modalidade de distribuição será uma nova etapa?

Mannarino - Exatamente. Tudo que vai acontecer a partir da chegada do gás natural é algo que vem numa seqüência crescente. O Senai, por exemplo, implanta aqui o seu Centro de Tecnologia do Gás, porque terá matéria-prima para desenvolver o seu trabalho.

JC - Enfim, o gás vai gerar todo um mercado novo?

Mannarino - Um mercado novo com mais qualidade, com tecnologia limpa.

JC - Qual a atual demanda de produção de gás natural em Urucu?

Mannarino - Está atingindo 9,5 milhões de metros cúbicos por dia a partir deste ano.

JC - Esse volume dá para abastecer a cidade de Manaus?

Mannarino - Duas Manaus. A cidade precisará de 4,5 milhões de metros cúbicos para a geração térmica e 1 milhão para outros setores como a indústria, veículos e residência.

JC - Qual a economia diária que o gás natural irá gerar?

Mannarino - De US$ 1 milhão no custo do consumo de energia elétrica.

JC - Qual o montante de empresas que deverão ser mobilizadas para construir o gasoduto?

Mannarino - É uma obra prevista para três frentes que vão ser licitadas e pode ser que uma única empresa ganhe, o que não é o comum. Uma empresa tem capacidade instalada para atuar em duas frentes, então ficaria uma outra para uma segunda empresa, ou então três empresas atuando. Na verdade isso depende da disponibilidade do mercado, porque a construção de dutos é uma indústria mundial. Os soldadores de dutos, por exemplo, são especializados e atuam no mundo inteiro. Um profissional desse ganha em torno de US$ 4 mil mensais.

JC - No mercado local há empresas com esse suporte?

Mannarino - Não, aqui não existe empresa especializada em gasoduto. O que pode acontecer é que empresas de fora se associem com algumas construtoras daqui. Na verdade a construção de dutos é uma atividade universalizada.

JC - No Brasil existem empresas desse porte?

Mannarino - Sim, pelo menos mais de cinco grandes.

JC - Isso significa que será lançado um edital nacional?

Mannarino - Sim, mas com certeza as vencedoras irão se associar com empresas amazonenses para realizar determinadas habilidades.

Economia

US$ 1 milhão é quanto será economizado, por dia, com a troca da matriz energética de termelétrica para o gás natural, a partir de seu uso na geração.

Custo do gasoduto é de US$ 393 mi

JC - Quantos empregos deverão ser gerados?

Mannarino - Diretos 3,4 mil, envolvendo toda a cadeia, desde serviços operacionais, prestação de serviços como hotelaria, alimentação, transporte, segurança, enfim serviços de várias naturezas, até as profissões mais especializadas.

JC - Quais, por exemplo?

Mannarino - A parte de soldagem, de qualidade, de teste de ensaio, que exige vasto conhecimento técnico.

JC- Será um obra de quanto?

Mannarino - De R$ 1,1 bilhão ou US$ 393 milhões.

JC - Existe uma terceira usina em construção em Urucu. Como está o andamento das obras?

Mannarino - É a nova, de unidade de processamento de gás natural que está permitindo acessar mais gás. É ela que vai elevar a produção de gás para 9,5 milhões de metros cúbicos por dia a partir de março, quando entra em operação.

JC - Qual era a produção anterior?

Mannarino - De 7,4 milhões metros cúbicos por dia.

Tecnologia de gás terá curso de especialização no Amazonas

A movimentação em torno da utilização do gás natural de Urucu, prevista para 2006, começa a esquentar. Uma das preocupações das entidades de classe e do próprio governo é formar especialistas de nível superior na área de gás natural para atuar na atividade quando
o processo começar a tomar corpo.

Uma ação conjunta do Senai/AM (Serviço Nacional da Indústria no Amazonas), Utam/UEA e o Ctgas-RN (Centro de Tecnologia do Gás do Rio Grande do Norte), uma unidade do Senai do Rio Grande do Norte, vai permitir a realização do curso de pós-graduação lato sensu em tecnologias do gás natural.

O gerente de negócios do Senai, Rizo Ribeiro, comentou que o curso é para cobrir uma lacuna existente na área de técnicos de nível superior com especialização em gás natural, uma preparação para o grande projeto do gás natural de Urucu.

Gás é mais barato

Ribeiro informou que o projeto está totalmente formatado, estando previsto para iniciar as aulas no dia 8 de março indo até 4 de dezembro deste ano. Será um curso em nível de pós-graduação para 40 pessoas de ambos os sexos, com carga horária de 455 horas /aula.
Segundo Ribeiro a grande procura abre perspectiva de que sejam abertas duas turmas. "É um curso de suma importância porque o projeto do gás vai mudar a matriz energética de Manaus, inclusive as companhias termelétricas, que hoje usam diesel e que vão passar a usar o gás natural que é muito mais barato", justificou.

Curso em módulos

O curso de gás natural será dividido em três módulos, cuja metodologia utilizada será por meio de palestras, debates e análises de resultados obtidos em trabalhos de grupo. As aulas serão ministradas por professores, doutores que atuam em universidades conceituadas como a USP (Universidade de São Paulo), Unicamp (Universidade de Campinas), UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais).

O período de inscrição do curso vai de 10 a 19 deste mês. Os valores são de R$ 20 a inscrição, R$ 60 a matrícula e a mensalidade de R$ 650 (12 meses).

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