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Gargalo energético freia investimentos da Vale, diz Agnelli

FSP, Dinheiro, p. B4
30 de Mai de 2007

Gargalo energético freia investimentos da Vale, diz Agnelli
Segundo o presidente da companhia, projetos de menor gasto de energia, como produção de cobre, passam a ser prioridade
"Não podemos planejar nada a partir de 2011", afirma empresário; ministro Paulo Bernardo minimiza diagnóstico da empresa

Simone Cunha
Colaboração para Folha

A falta de recursos energéticos no país deve impedir os investimentos da Vale do Rio Doce a partir de 2012, segundo o presidente da empresa, Roger Agnelli. "Não podemos planejar nada a partir de 2011, 2012 porque não há recursos energéticos suficientes para isso."
Um dos segmentos em que os investimentos da mineradora correm risco, segundo Agnelli, é o de alumínio, que, por consumir muita energia, torna-se inviável. Com esse entrave, ele diz que a prioridade da empresa é investir em projetos grandes, mas que usem pouca energia, como a produção de cobre na mina de Salobo, no Pará.
Os investimentos da segunda maior mineradora do mundo para os próximos dois anos, a serem anunciados até setembro no Plano Plurianual da empresa, devem continuar na produção de minério de ferro -em função da alta demanda no mercado externo- e também na produção de energia.
Apesar de obras de geração de energia estarem incluídas no PAC (Programa de Aceleração de Crescimento), ele não se mostrou confiante em que os investimentos sejam feitos em tempo suficiente para não prejudicar os planos da empresa. "São investimentos de longo prazo, por isso demoram a sair do papel", afirmou.
Agnelli defende que o país discuta uma maior diversificação da matriz energética e aproveite seu potencial. "Nuclear, térmica, não importa, mas temos que aumentar a produção de energia." O gargalo energético é tão grande que, segundo ele, a Vale já está buscando o recurso fora do país.
Um dos fatos que atestam a demora em se realizar projetos energéticos, segundo Agnelli, são as licenças ambientais, que demoram a ser concedidas e, mesmo depois disso, podem ser contestadas pelo Ministério Público. "Tudo o que é complexo demais acaba não sendo cumprido", disse.
Ele citou a usina de Estreito (divisa entre Tocantins e Maranhão), em que a Vale tem 30% de participação, como um dos exemplos de obra parada devido a liminares. "O ambiente tem que ser respeitado, mas também é preciso definir como mitigar os impactos ambientais -que todas as obras causam- para permitir investimentos."
Apesar de concordar que é preciso resolver os entraves energéticos para poder crescer, o ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, presente no mesmo evento, em SP, minimizou as declarações em relação à redução de investimentos da Vale. "É uma voz de alerta que deve ser ouvida, mas é um exagero achar que a Vale está parando os investimentos."
Bernardo disse que o PAC "vai resolver" e destacou os investimentos que o plano trará -como usinas de pequeno potencial energético. No entanto, ele não descartou totalmente a possibilidade de haver um novo apagão. "Não temos como garantir que não vai haver, mas temos que trabalhar para isso."

FSP, 30/05/2007, Dinheiro, p. B4

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