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Fusão VCP-Aracruz será alvo de ONGs

VALOR ECONÔMICO -SP
Autor: Daniel Rittner
22 de Jan de 2009

Uma aliança de organizações não-governamentais com atuação na área ambiental tem a Aracruz e os planos de expansão da empresa, recém-comprada pela Votorantim e a ser fundida com VCP, como um de seus principais alvos. O "Bank Track" monitora 32 projetos ecompanhias que estão na lista negra mundial das ONGs voltadas à defesa do meio ambiente e de direitos sociais. No Brasil, além da Aracruz, estão as usinas hidrelétricas do rio Madeira e a a Pará Pastoril e
Agrícola (Pagrisa), empresa já autuada pelo Ministério do Trabalho. No último relatório do Bank Track, a Aracruz é descrita como dona de um "histórico controverso" em "conflitos com comunidades indígenas, quilombolas e fazendeiros locais", além de ter-se envolvido em "agressivas campanhas contra povos indígenas". O Bank Track também critica as operações da Aracruz com a sueco-finlandesa Stora Enso na Veracel, em um projeto na Bahia, onde teria desmatado florestas e retirado comunidades locais, segundo as ONGs. Elas acusam ainda a empresa de "já ter causado sérios impactos ambientais na água, solo e biodiversidade em suas plantações de eucalipto". "Água potável foi poluída e o solo secou como resultado de plantações de larga escala", afirma o Bank Track, citando o uso de fertilizantes e pesticidas.
A aliança das ONGs engloba entidades bem conhecidas, como a WWF, Friends of the Earth (Amigos da Terra), International Rivers Network e Rainforest Action Network. "A Aracruz ainda tem questões não-resolvidas envolvendo quilombolas e os direitos dos povos indígenas", diz Roland Widmer, gerente do programa de eco-finanças da
Amigos da Terra-Amazônia Brasileira. "Queremos que a nova companhia que surge da fusão com a Votorantim seja uma empresa-cidadã, com algumas regras que precisam ser respeitadas, como o engajamento prévio com as partes interessadas", completa o ambientalista. Para ele, a participação do BNDES-Par na operação transfere uma parte da
responsabilidade ao governo brasileiro. A Aracruz informa que estão superados os conflitos com as comunidades indígenas no Espírito Santo. Um termo de conduta foi assinado no fim de 2007 e contempla os direitos e obrigações de cada parte (companhia, índios e FUNAI) no processo de transferência de 11 mil hectares de terras para os índios.
Segundo a empresa, 34% de suas terras - o equivalente a 158 mil hectares - são de matas nativas totalmente preservadas. Algumas representam as últimas reservas de Mata Atlântica no sul da Bahia e no centro do Espírito Santo. A Aracruz é a única companhia do mundo do setor que integra o Índice Dow Jones de Sustentabilidade da Bolsa de
Nova York. Widmer explica que, além de campanhas contra o financiamento bancário às empresas e projetos listados no Bank Track, as ONGs podem fazer "shareholder activity" - a compra de ações dos bancos para ganhar acesso às assembléias, como minoritários, e tentar influenciar a política de financiamento dessas instituições. "Mas primeiro tentamos informar e sensibilizar, partindo do pressuposto de que todos os atores são responsáveis e, no caso dos bancos, respeitam os Princípios do Equador", acrescenta.

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