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Flagelo Yanomami

CB, Fim de Semana, p.23
20 de Ago de 2004

Exposição
Flagelo ianomâmi
Faces da floresta é uma denúncia, mas também um documento sobre a beleza dos povos que habitam as matas brasileiras. As 40 fotografias, que Valdir Cruz apresenta no Conjunto Cultural da Caixa até 26 de setembro, chegam ao Brasil depois de quase dez anos de peregrinação entre a floresta amazônica e a confecção do livro homônimo, lançado nos Estados Unidos em 2002 e finalmente editado pela Cosac & Naify (146 páginas. R$ 79,00).
Radicado em Nova York há mais de duas décadas e com extensa experiência em ensaios sobre personalidades — registrou em seu estúdio nova-iorquino personalidades como Miles Davis e Tom Jobim —, Valdir decidiu dar enfoque mais humanitário a seu trabalho em 1994, ao conhecer o líder ianomâmi Davi Kopenawa. No ano seguinte, fez a primeira de quatro expedições pela floresta e descobriu que caminhava na direção errada. Fui em busca de imagens, meu foco não era preservação da comunidade indígena, conta. Mas percebi que havia situação de saúde terrível e que tinha de fazer um trabalho para expor essa situação.
Uma bolsa concedida pela Fundação Guggenheim ajudou a financiar o projeto e as visitas às 18 aldeias pelas quais Valdir passou. Grande parte das imagens do livro — e da exposição — é de inanomâmi da Amazônia venezuelana. Segundo o fotógrafo, essa região é a mais atingida por problemas de saúde. Na região montanhosa da Ciapas, a área é de difícil acesso, só se chega por caminhadas e há muitos anos ninguém vai lá; 15% das comunidades ianomâmi estavam infectadas por malária na época, revela.
Na montagem da exposição na Caixa, Valdir reservou área aos registros relacionados às doenças. As situações são trágicas, mas as imagens em nenhum momento violam a dignidade dos retratados. O primeiro módulo da mostra é reservado a cenas cotidianas e retratos. No livro, cujo lançamento nacional ocorreu ontem durante abertura da exposição para convidados, tem prefácio de Marina Silva, ministra do Meio Ambiente, texto de Davi Kopenawa, ensaio do antropólogo Kenneth Good e posfácio da crítica Vicki Goldberg, autora de Jacques Henri Lartigue, Photographer. Acompanham também as 89 fotografias da publicação um texto do próprio Valdir, espécie de diário escrito durante as expedições à floresta. (NM)

CB, 20/08/2004, p. 23 (Fim de Semana)

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