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Falta planejamento no Cantareira, diz consórcio

OESP, Metrópole, p. A16
11 de Mar de 2014

Falta planejamento no Cantareira, diz consórcio
Órgão que representa 73 cidades afirma que governo e Sabesp dão 'falsa impressão' de controle; empresa alega que investiu 9,2 bilhões desde 2004

Ricardo Brandt / CAMPINAS

As medidas anunciadas pelo Estado para evitar o racionamento de água na Região Metropolitana de São Paulo colocaram governo estadual e municípios do interior, que dependem do Sistema Cantareira, em conflito.
O consórcio, que representa cidades e usuários de 73 cidades da região de Campinas, onde estão os rios e represas do Cantareira, divulgou ontem nota em que acusa o governo do Estado e a Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp) de transmitirem "a falsa impressão" de que o problema está controlado.
A entidade aponta a falta de investimentos, de fiscalização e de planejamento por parte do Estado como responsáveis pela crise do Cantareira. Os reservatórios do sistema, que abastece 47% da Grande São Paulo (8,8 milhões de pessoas), vivem sua pior situação desde que foram criados, em 1974. Estavam ontem com 15,9% da capacidade.
A "nota de esclarecimento" é uma resposta às medidas anunciadas de redução de uso da água do Cantareira, com a transferência de água de outros sistemas (Alto Tietê e Guarapiranga) para suprir a demanda de 2 milhões de pessoas na Grande São Paulo. As medidas passaram a valer ontem.
"O fato (...) levou à falsa impressão de que a Região Metropolitana de São Paulo está totalmente protegida e que tem um sistema interligado, de vários reservatórios, que garante seu abastecimento em qualquer situação." Segundo o documento," tais reservatórios são insuficientes para garantir o abastecimento da Grande São Paulo". Prova disso seria a alta retirada de água mantida pela Sabesp em dezembro, janeiro e fevereiro, mesmo com alertas de seca.
"Mesmo sabendo do risco para a 'vida útil do Sistema Cantareira', a Grande São Paulo permaneceu retirando 31 mil litros por segundo, levando os reservatórios a níveis abaixo de 20%, considerados altamente críticos", informa a nota.
Dados do comitê anticrise criado pelo Departamento de Água e Energia Elétrica (DAEE) e pela Agência Nacional de Águas (ANA) mostram que em fevereiro entraram 8,5 mil litros por segundo. E foram retirados 32,8 mil litros de água por segundo - déficit de 24,3 mil l/s. Pela outorga dada à Sabesp para operar o sistema, no momento de crise a retirada para a Grande São Paulo deveria ser de 24,8 mil litros por segundo.

Racionamento. Para o secretário executivo do Consórcio, Francisco Lahóz, fatores políticos têm interferido na questão. "A palavra racionamento é muito forte em um ano eleitoral." A Secretaria de Recursos Hídricos informou que a Sabesp comentaria o assunto. O órgão afirmou, em nota, que o atual sistema integrado é suficiente para atender à demanda e que investe de forma "contínua e planejada",tendo aplicado, desde 2004, mais de R$9,2 bilhões.

Alternativa
R$ 2,2 bi
É o valor do principal investimento da Sabesp no setor, referente a um novo sistema produtor de água (o São Lourenço).

OESP, 11/03/2014, Metrópole, p. A16

http://www.estadao.com.br/noticias/geral,governo-da-falsa-impressao-sob…

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