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Falamos 'facebook' mesmo

Veja, Conversa, p. 68-69
18 de Abr de 2012

"Falamos 'facebook' mesmo"

Nascido na aldeia Umutina, em Mato Grosso, o estudante de luras, de 22 anos, fala sobre o livro didático bilíngue que prepara para garantir a sobrevivência do seu idioma nativo

Quantas pessoas falam umutina? A aldeia tem 600 pessoas, mas só os mais velhos falam. Os novos aprendem só português. Eu só sei falar porque um ancião me ensinou.

Além de traduzir palavras, você vai codificar a estrutura da língua? Sim, é fundamental para ensinar as crianças. Por exemplo, para o plural, não usamos a letra s no final. O que fazemos é colocar uma palavra que indica "grande quantidade" perto do substantivo. Assim: peixe é "haré"; peixes, "haré makeawá".

E os verbos? Muitas vezes, não temos necessidade de usá-los. Para dizer "o Rio Paraguai tem muitos peixes", por exemplo, é só acrescentar Olaripó, que é o nome que damos ao rio, à frase anterior: "Olaripó haré makeawá".

Há distinção entre gêneros? Para substantivos e adjetivos, não. A distinção é só para alguns nomes próprios.

Como ficam palavras que designam coisas novas, como Facebook? Fazemos como em português: adotamos o estrangeirismo. Não há nenhum problema nisso. Na aldeia, nós falamos "facebook" mesmo.

Os índios umutina usam Facebook? A 15 quilômetros da aldeia há uma conexão com a internes. Todos os meus amigs usam.
Ariabo: "I zapá a Facebook"*
* "Curti você no Facebook"

Veja, 18/04/2012, Conversa, p. 68-69

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