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Exército reforça-se contra Farc

A Crítica, Brasil, p. A12
27 de Jun de 2004

Exército reforça-se contra Farc
A aproximação dos rebeldes colombianos ao território brasileiro está sob o controle dos serviços de inteligência do CMA

A guerrilha das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) planeja há dois meses ataques contra posições do Exército Brasileiro na fronteira. 0 objetivo das ações é obter armas, munições, suprimentos médicos e alimentos para abastecer as colunas guerrilheiras em atividade na área. 0 efetivo militar do Brasil no local foi reforçado com 40 homens, profissionais especializados em luta de selva.
Há aproximadamente e um mês os serviços de inteligência do Comando Militar da Amazônia (CMA) levantaram a informação da realização de uma reunião da coordenação superior das Farc, dia 1o de maio, na cidade de Montenegro, em território colombiano. No encontro discutiu-se a invasão do 2o Pelotão Especial de Fronteira (PEF), em Querari.
Poucos dias depois um grupo de reconhecimento das Farc formado por 12 homens foi localizado a apenas dois quilômetros da divisa com o Brasil. Fotos de satélite produzidas para o Ministério da Defesa mostram as marcas de um acampamento na área habitualmente utilizada pela guerrilha em meio à mata baixa. No momento, a guerrilha está agrupando uma coluna (que pode chegar a ter 160 homens e mulheres) em Jurupari. Quando estiveram em Montenegro, os insurgentes procuraram saber qual era o formato do 2o PEF, seu armamento e tamanho dos quadros.
De acordo com o general Villas Boas, chefe do Estado Maior do CMA, por conta da ameaça o Comando de Fronteira do Rio Negro/50 Batalhão de Infantaria de Selva (CFRN/5o BIS) enviou uma tropa de 40 homens para apoiar o 2o PEF de Querari. Cada pelotão possui 70 soldados bem armados e treinados. De acordo com Villas Boas "a formação tem condições de sustentar fogo até receber reforços".
TROPA EM ALERTA
O Estado Maior do CMA considera a ameaça de incursões no território brasileiro "uma possibilidade que, por si só, justifica o constante preparo da nossa tropa". Esse corpo de batalha abrange aproximadamente 27 mil homens entre os quais os integrantes das unidades de Infantaria de Selva, talvez os melhores combatentes desse tipo em todo o mundo. Envolve também os avançados recursos da Força Aérea Brasileira (FAB) - aviões eletrônicos R99A, de alerta avançado, e R99B, de sensoriamento remoto, ambos montados sobre as plataformas dos jatos civis da Embraer, os ERJ-145.
Essas aeronaves atuam combinadamente com os radares do Sistema de Vigilância da Amazônia (Sivam) e podem lançar caças ou turboélices de ataque leve em missões de interceptação de aeronaves clandestinas ou de ataque ao solo. É um trabalho complexo e intenso.
INVASÃO
Em 2003 foram detectados perto de 3 mil vôos irregulares. O Comando da Aeronáutica sustenta que 220 deles eram efetivamente criminosos, a serviço do narcotráfico ou do contrabando de armas. Em um só dia de setembro do ano passado houve 28 invasões do espaço aéreo. Em várias ocasiões o intruso foi acompanhado por aviões armados da FAB até deixar os limites nacionais ou pousarem uma pista não cadastrada. 0 País ainda não regulamentou a Lei do Tiro de Destruição, aprovada em 1998, que permite abrir fogo contra as aeronaves que não respondam à ordem de pouso imediato quando em situação anormal e hostil.
Pelas normas vigentes só pode ser abatido um avião que eventualmente ameace o centro do Governo ou instalações estratégicas. Ainda assim, a ordem tem de partir diretamente do presidente da República. Essa situação vai ficar constrangedora a partir da entrada em operação, até outubro, dos moderníssimos aviões de ataque leve Supertucano. São 76 unidades construídas pela Embraer a um custo de US$ 400 milhões. Do lote total, 25 foram designadas para servir ao braço armado da FAB junto ao Sivam
Memória
O País ainda não regulamentou a Lei do Tiro de Destruição, conhecida como a Lei do Abate, aprovada em 1998, que permite abrir fogo contra as aeronaves que não respondam à ordem de pouso imediato quando em situação anormal. Pelas normas vigentes só pode ser abatido avião que ameace o Governo.

A Crítica, 27/06/2004, Brasil, p. A12

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