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Exemplo bem-sucedido

O Globo, O País, p. 8
28 de Abr de 2004

Exemplo bem-sucedido

Leticia Helena

Eles também vivem em terras cobiçadas por suas riquezas, foram quase exterminados por invasores e mataram brancos em dois massacres, nos anos 60. Mas, ao contrário dos cintas-largas, a história dos waimiris-atroaris teve final pacífico: desde 1988, um convênio da Eletronorte com a Funai permitiu a sobrevivência da etnia, garantiu a demarcação da reserva de 2,5 milhões de hectares e ajudou a acabar com os conflitos entre brancos e índios na região.

- Não existe cultura indígena irrecuperável. O exemplo dos waimiris-atroaris poderia ser usado em outros grupos, como os cintas-largas. Mas, para isso, o fundamental é respeito - diz o indigenista José Porfírio de Carvalho, que trabalha com os índios desde 1967.

Os waimiris-atroaris vivem entre o Norte do Amazonas e o Sul de Roraima. Nos anos 60, as tentativas de aproximação terminaram em dois massacres de brancos. Uma década depois, aldeias inteiras foram dizimadas para a abertura da BR-174 (Manaus-Boa Vista), e para a implantação de um projeto de extração de cassiterita. Neste período, a população caiu de três mil habitantes para menos de 400. Quando a hidrelétrica de Balbina começou a ser construída, nos anos 80, estavam à beira da extinção.

- Para minimizar o impacto da hidrelétrica, fizemos um projeto a longo prazo, mas sempre com a preocupação de saber o que eles queriam. Com isso, eles acabaram entendendo nosso papel. Dessa convivência estamos tirando bons resultados - diz Porfírio.

Com o projeto, os índios recuperaram os hábitos alimentares, passaram a ter aulas em seu idioma e até decidem se querem ou não ter contato com brancos. Para sobreviver, fazem artesanato e vendem o excedente da produção de alimentos. Apesar de conhecer a energia elétrica, optaram pela solar. Carro? Usam apenas em casos de extrema necessidade.

- Eles optaram por viver como seus antepassados e se sentem orgulhosos disso - diz o indigenista.

O Globo, 28/04/2004, O País, p. 8

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