VOLTAR

Evento destaca experiências internacionais com voluntários

ICMBio - http://www.icmbio.gov.br/
Autor: Ramilla Rodrigues
19 de Jul de 2017

Participantes do I Seminário de Voluntariado do ICMBio, que ocorre em Brasília, ouvem relatos de casos bem sucedidas nos Estados Unidos, Argentina e Alemanha

Para fortalecer as práticas e o entendimento do voluntariado pelo mundo, o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) convidou para o I Seminário de Voluntariado, que ocorre em Brasília, uma das referências mundiais no assunto: a Organização das Nações Unidas (ONU).

Desde a década de 70, o programa de voluntariado da ONU mobiliza milhares de pessoas interessadas na promoção da paz e do desenvolvimento social. Os voluntários famosos por prestar serviço especializado, sobretudo, a países que passam por instabilidades políticas e guerras.

Somente em 2016, 6.590 pessoas estiveram em 126 países diferentes, auxiliando e monitorando no processo de paz de países em conflito. Nos últimos 25 anos, os voluntários da ONU participaram do processo de redemocratização, desarmamento, auxílio médico, educacional e segurança alimentar em países como Moçambique, Kosovo, Sudão do Sul, Haiti, Afeganistão, dentre outros.

A ONU trabalha com voluntários nacionais (com idade mínima de 22 anos), internacionais (com idade mínima de 25 anos), além de jovens e a modalidade à distância. Cerca de 35% estão alocados em Missões de Paz, geralmente atuando ao lado dos chamados capacetes azuis (militares), na função de mediadores, auxiliando na organização política, na logística de donativos etc.

A ONU também conta com especialistas na área de construção civil, medicina, nutrição e ciência que estão lá para auxiliar países que literalmente desmoronaram por causa de guerras ou calamidades ambientais.

Os princípios estão contidos nos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS). "Os ODS foram construídos coletivamente. O lema é 'Ninguém ficará para trás', ou seja, o desenvolvimento só se dará se for feito de maneira igualitária", esclareceu Gabriel Aragão, representante da ONU Voluntariado. "A conciliação com os ODS são muito importantes na consolidação dos direitos humanos, em especial do meio ambiente", completou.

O ICMBio mostra-se alinhado com a ideia. "Entendemos a natureza como um direito humano e fundamental para viabilizar outros direitos humanos", avalia o diretor de ações socioambientais e consolidação territorial, Claudio Maretti.

No caso de voluntários internacionais, a ONU providencia os trâmites diplomáticos, inclusive o visto. Hoje, os voluntários estrangeiros geram dúvidas para os gestores do ICMBio que não sabem como agir no caso de visitantes do exterior interessados.

Nesse aspecto, a chefe do serviço de apoio ao voluntariado, Beatriz Gomes, diz que a ONU pode ser uma grande parceira do ICMBio. "A ONU pode facilitar a obtenção de visto especializado (voluntariado) e também com ajuda de custo dos voluntários no Brasil", esclareceu Gomes. Ela também explicou como o ICMBio pode contar com profissionais especialistas recrutados pela ONU.

Veja, a seguir, algumas experiências exitosas com voluntários pelo mundo, relatadas durante o seminário:

Montanhas do Colorado

O estado americano do Colorado é conhecido pela presença das Montanhas Rochosas. É lá que se situa o Monte Elbert com seus 4401 metros de altitude, o pico mais alto da Cordilheira do Pacífico. Apesar disso, nem todos conhecem as riquezas naturais da região. "A capital Denver está bem perto das montanhas e temos uma grande parte das crianças que não conhecem as montanhas, com o voluntariado, as pessoas têm essa oportunidade", diz a diretora executiva da Volunteers for Outdoor Colorado, Ann Baker. Desde 1984, essa organização sem fins lucrativos atua na região. Eles recebem financiamento governamental, de empresas, doações de pessoas físicas e de fundações públicas e privadas.

"As pessoas tem diferentes motivações então temos diferentes formas de engajamento, como programas familiares onde os pais podem levar seus filhos, voluntariado das empresas com seus empregados, programas específicos para os jovens". Construção e manutenção de trilhas, recuperação de habitat, restauração de áreas devastadas em desastres ambientais. Um dos exemplos foi a recuperação do Lawn Lake Trail no Rock Mountain National Park depois de uma severa enchente. O projeto durou um fim de semana.

As empresas também utilizam o programa de voluntariado para se aproximar da comunidade e agregar valores cidadãos junto a seus empregados. Outra modalidade é o "Faça Você Mesmo" (Do It Yourself), que, por meio de um aplicativo de celular permite ao usuário que se disponibilize para fazer uma pequena ação. "Esta é uma modalidade adaptada às pessoas que não dispõem de muito tempo", completa Baker.

Glaciares argentinos

A história ambiental da Argentina começou com Francisco Pascasio Moreno (El Perito) que em novembro de 1903 liderou uma expedição à Patagônia para ajudar na limitação do território argentino quando a população portenha ainda vivia concentrada no Norte. Ele ganhou 7.500 hectares de terras ao oeste do Lago Nahuel Huapi com a finalidade de conservação. Nascia aí a Administração Nacional de Parques, uma das instituições mais antigas da Argentina. Hoje há 46 parques nacionais em quase todas as províncias.

Em 1995, o Sistema de Voluntariado foi formalizado na Argentina. "O nosso lema é conhecer para cuidar. À medida que vamos conhecendo, tomamos conhecimento de que aquilo é nosso e por isso cuidamos melhor", explica a coordenadora de voluntariado do Parque Nacional Los Glaciares, Matilde Olviedo. O Programa foi instituído para estudantes visando também capacitar futuros guarda-parques. Os requisitos são: ter entre 16 a 30 anos e ter 30 dias corridos disponíveis. Para os estrangeiros, o requisito é compreender o espanhol.

O Parque Nacional Los Glaciares, na Patagônia, é o maior parque da Argentina e o segundo mais visitado, perdendo apenas do Parque Nacional del Iguazu, na tríplice fronteira entre Brasil, Paraguai e Argentina. Este parque dispõe alojamentos exclusivos para voluntários que ficam ao lado dos guarda-parques. Os voluntários atuam na atenção ao público e no monitoramento da biodiversidade.

"Como contrapartida eles têm a oportunidade de ir a locais e participar de passeios que não conseguiriam fazer por sua própria conta por serem muito caros ou não serem acessíveis ao público em geral", explica Oviedo.

O exemplo alemão

"Natureza, Uma Questão de Honra!" é o nome do programa de voluntariado alemão que atua na área de meio ambiente. Os germânicos dispõem de 16 parques nacionais, além de centenas de reservas da biosfera e parques locais.

A iniciativa Europarc Deutschland é uma associação de parques e reservas de bioferas alemãs e também criadores do programa de voluntariado, em 2003. Já em 2004 as experiências começaram a ser aplicadas em nível nacional rendendo o prêmio Midori do governo japonês à chanceler Angela Merkel. O prêmio, 500 mil euros, foi doado ao programa de voluntariado. "Foi um sinal político importante para motivar a população alemã de que essa causa tem importância", disse Sylvia Montag, da GIZ e também gestora do Parque Nacional de Eifel.

São aproximadamente 3.000 voluntários por ano. Há muitas áreas de atuação, como comunicação, administração, manutenção de trilhas, monitoramento da diversidade inclusive especialistas em áreas de Biologia e Turismo podem participar. O programa busca aproveitar o máximo de pessoas: quem dispõe de poucas horas por semana, aposentados que buscam no voluntariado doar o tempo livre em prol da natureza, estudantes universitários, igrejas e outras organizações comunitárias.

Há um grande movimento para integrar voluntários com necessidades especiais. Quem tem dificuldades de locomoção pode auxiliar avaliando as trilhas adaptadas; pessoas cegas ajudam no desenvolvimento de mapas texturizados para pessoas que não conseguem enxergar.

http://www.icmbio.gov.br/portal/ultimas-noticias/20-geral/9039-evento-d…

As notícias aqui publicadas são pesquisadas diariamente em diferentes fontes e transcritas tal qual apresentadas em seu canal de origem. O Instituto Socioambiental não se responsabiliza pelas opiniões ou erros publicados nestes textos. Caso você encontre alguma inconsistência nas notícias, por favor, entre em contato diretamente com a fonte.