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EUA investem em energia limpa e tentam acordo para Copenhague

O Globo, Ciência, p. 30
28 de Out de 2009

EUA investem em energia limpa e tentam acordo para Copenhague
Obama destina US$ 3,4 bilhões para projetos alternativos

Gilberto Scofield Jr.
Correspondente

A administração do presidente dos EUA, Barack Obama, decidiu reagir às acusações de que a cúpula do clima, marcada para dezembro em Copenhague, corre risco de terminar sem qualquer medida concreta pela falta de empenho dos EUA. O país não ratificou o Protocolo de Kioto, que expira em 2012, sob a alegação de que estabelecer limites para a emissão de poluentes afetará sua economia. Em uma usina de energia solar na Flórida, Obama anunciou ontem US$ 3,4 bilhões em investimentos em transmissão limpa de energia e 100 projetos que envolvem da instalação de transformadores digitais até medidores de consumo de energia inteligentes nas maiores cidades do país.

Numa ação paralela, os aliados de Obama no Senado - onde o projeto que limita a emissão de gases do efeito estufa e cria um mercado de créditos para a comercialização de carbono se encontra travado por conta das discussões sobre a reforma do sistema de saúde - prometeram acelerar os debates através de uma aliança entre o principal defensor da causa ambiental entre os democratas, o senador John Kerry, e o senador republicano Lindsey Graham, que defende a ampliação no uso de energia nuclear no país, mas sob estrita regulamentação de segurança, incluindo o que fazer com os dejetos nucleares.

- Nós entendemos a gravidade da ameaça climática, estamos determinados a agir e sabemos de nossas responsabilidades diante das novas gerações - afirmou o presidente. - Nós queremos fazer o máximo de progresso possível para convencer os céticos de que os EUA estão pressionando com soluções climáticas agressivas.

As audiências no Senado sobre o projeto de aquecimento global começam hoje e ainda que muitos digam que uma lei efetiva sobre o tema não estará na mesa de Obama para sanção até o início do ano que vem, membros da Casa Branca esperam que o avanço nas negociações permitam que a equipe dos EUA vá a Copenhague com sinais de mudança efetiva na política ambiental americana, algo nunca visto durante a administração de George W. Bush, um feroz aliado da indústria de combustíveis fósseis (petróleo e o carvão).

Há atualmente dois projetos de lei em tramitação no Capitólio.

Em junho, a Câmara dos Representantes aprovou um regime de limites de emissão em que o governo dos EUA estabelece as emissões máximas anuais do país e limites diferenciados para segmentos da indústria.

As empresas que emitirem menos que seus limites poderiam vender seus créditos de carbono num mercado livre e as que ultrapassarem os limites serão multadas. O projeto promete uma redução nas emissões de 17% - em comparação com os níveis de 2005 - em 2020 e 83% em 2050.

O projeto no Senado segue os mesmo princípios, com uma meta mais ambiciosa para 2020: 20% de corte. E prevê uma participação maior da energia nuclear na matriz do país, além de criar incentivos para o uso de gás natural e outros combustíveis renováveis.

- Nosso projeto é o melhor porque dá flexibilidade para os negócios e incentivos para inovação - disse a senadora democrata Barbara Boxer, que lidera as discussões no Senado com John Kerry.

Numa recente pesquisa, 60% dos americanos se dizem favoráveis a um projeto de limites de emissões, enquanto 37% se opõem. As maiores resistências no Capitólio estão entre os republicanos mais radicais, que consideram uma temeridade estabelecer limites de emissão num momento de fragilidade econômica tão grande

O Globo, 28/10/2009, Ciência, p. 30

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