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Estatais buscam sócios para usina

OESP, Economia, p. B7
24 de Ago de 2007

Estatais buscam sócios para usina
Subsidiárias da Eletrobrás farão parcerias para leilão de concessão de hidrelétrica no Rio Madeira

Leonardo Goy

O presidente da Companhia Hidro Elétrica do São Francisco (Chesf), Dilton da Conti Oliveira, disse ontem que na próxima semana as subsidiárias da Eletrobrás - com exceção de Furnas - farão uma chamada pública para encontrar parceiros para participar do leilão de concessão da usina hidrelétrica de Santo Antônio, no Rio Madeira. A participação das estatais no leilão, que foi confirmada na quarta-feira pelo ministro interino de Minas e Energia, Nelson Hubner, foi discutida ontem em uma reunião do ministro com os presidentes das empresas do grupo Eletrobrás.

A idéia inicial do governo era tirar todas as estatais do leilão das usinas do Madeira e oferecer, aos vencedores, a possibilidade de se associarem, posteriormente, ao grupo Eletrobrás. Mas, temendo uma briga judicial com a Odebrecht, que já tinha assinado um acordo para disputar o leilão em parceria com Furnas, o governo decidiu manter o consórcio Furnas-Odebrecht e oferecer, aos demais consórcios privados, parcerias com as outras subsidiárias do sistema Eletrobrás, entre as quais a Chesf.

Segundo Dilton Oliveira, as estatais poderão participar com até 49% das ações em cada consórcio. O executivo, que participou do seminário 'Obstáculos e Soluções para o Desenvolvimento da Infra-estrutura', promovido pela Associação Brasileira da Infra-Estrutura e Indústrias de Base (Abdib), disse que somente durante os dois dias do evento foi sondado por três empreendedores privados, interessados em se associar à Chesf no leilão. Oliveira ressaltou a 'saúde financeira' da Chesf, que, segundo ele, oferece boas condições para entrar no empreendimento.

Na avaliação de Oliveira, o consórcio que vencer a disputa por Santo Antônio - cujo leilão está marcado para 30 de outubro - será o favorito na disputa pela concessão da outra usina do Madeira, Jirau, que deverá ser leiloada em março de 2008.

Hubner disse que as subsidiárias que entrarem na disputa por Santo Antônio terão de apresentar 'condições iguais' para que seja mantido equilíbrio da disputa. Segundo ele, as empresas terão de entrar no leilão, por exemplo, com a mesma previsão de taxa de retorno. Ele disse ainda que o BNDESPar 'será um sócio estratégico e poderá se associar com quem ganhar o leilão, se assim o vencedor quiser'.

MARINA

A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, ironizou os conflitos entre os empreendedores que vão disputar a concessão das usinas do Madeira. Lembrando que foi muito cobrada pela demora em fornecer a licença ambiental aos projetos, Marina ressaltou que hoje o problema é outro.

'É claro que alguém tinha de pagar o pato. Conjunturalmente fui eu. Agora nós estamos com outros problemas, como os empreendedores. Mas, graças a Deus, essa não é a minha esfera. Eu já tenho problemas demais', disse a ministra, arrancando risos da platéia no seminário.

Comissões bilaterais vão avaliar impactos de projetos na Bolívia

Denise Chrispim Marin

O ministro de Relações Exteriores da Bolívia, David Choquehuanca, questionou novamente o governo brasileiro sobre os impactos em território boliviano dos projetos de hidrelétricas no Rio Madeira, em Rondônia. Após encontro com o chanceler Celso Amorim, Choquehuanca deixou o Itamaraty com a promessa de criação de três comissões técnicas bilaterais para esclarecimentos sobre os efeitos das represas na produção de peixes, na saúde das populações da região e na possível inundação de áreas na Bolívia. A hidrelétrica de Jirau, que vai a leilão só no ano que vem, deve ser construída a 80 quilômetros da fronteira.

A criação das comissões não traz nenhum entrave à licitação da hidrelétrica de Santo Antônio, que vai gerar 3.150 megawatts, marcada para 30 de outubro. 'Não estamos nos opondo aos empreendimentos', afirmou Choquehuanca, que participou nos últimos dois dias, em Brasília, da reunião ministerial do Fórum de Cooperação Ásia do Leste - América Latina. 'Estamos no nível da discussão técnica. Queremos transparência porque temos de nos informar.'

Ele lidera uma ala relevante do governo Evo Morales, apoiada por organizações não-governamentais ambientalistas, que não vê com bons olhos a construção das usinas no Madeira. Para a outra ala, dominada pela equipe econômica, as obras trarão vantagens para a Bolívia - em especial, a possível cobrança de um projeto binacional de hidrelétrica. Evo ainda não optou por uma delas.

OESP,24/08/2007, Economia, p. B7

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