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Estado foi alertado em 2009 sobre riscos no Cantareira

FSP, Cotidiano, p. C5
13 de Mar de 2014

Estado foi alertado em 2009 sobre riscos no Cantareira
Plano de bacia hidrográfica feito há quatro anos já apontava deficit de água
Diagnóstico mostrou fragilidades do sistema e fez recomendações; Sabesp diz cumprir determinações federais

EMILIO SANT'ANNA DE SÃO PAULO

Há quatro anos o governo do Estado foi alertado sobre a fragilidade do sistema Cantareira e instruído a tomar medidas para evitar o colapso do abastecimento de água na região metropolitana de SP.
O alerta foi dado em dezembro de 2009, no relatório final do Plano da Bacia Hidrográfica do Alto Tietê. Ontem, o nível do reservatório caiu para 15,7%, o menor volume útil desde que foi criado, em 1974.
O documento, produzido pela Fundação de Apoio à USP, reforçou o diagnóstico da década passada, quando a outorga para a captação de água foi concedida à Sabesp.
O Cantareira é responsável pelo fornecimento de água a 8,8 milhões de pessoas na Grande São Paulo e a 5,5 milhões no interior do Estado.
Questionada pela Folha, a Sabesp não detalhou quais das recomendações dadas foram adotadas desde então no sistema Cantareira.
Segundo o relatório, em 2009 o sistema apresentava altas garantias de atendimento, porém já tinha "deficits de grande magnitude".
Para se ter ideia do descompasso entre o que deságua no Cantareira e o que é utilizado, em fevereiro entraram 8.500 litros de água por segundo no sistema e saíram 32,6 mil.
No mês, a manutenção do nível do reservatório dependeu da chuva --que não veio.
A avaliação do Ministério Público do Estado é que houve demora do governo em tomar medidas para impedir a situação atual de iminente desabastecimento.
Segundo o promotor Rodrigo Sanches Garcia, do Grupo Especial de Defesa do Meio Ambiente, há dez anos a Sabesp sabe que deveria buscar alternativas para o abastecimento da Grande São Paulo.
"Na outorga de 2004, uma das condicionantes era que a Sabesp tivesse um plano de diminuição de dependência do Cantareira. O grande problema foi a demora de planejamento", afirma.
Nesta semana, o Consórcio PCJ, que reúne prefeituras, empresas e entidades de mais de 43 cidades, divulgou nota em que acusa a Sabesp de não reduzir a dependência do sistema Cantareira.
RECOMENDAÇÕES
O relatório também apontou a necessidade de regras de operação do sistema "que evitem o colapso de abastecimento das regiões envolvidas e minimizem a influência política nas decisões".
O texto fez recomendações ao Estado, como a implantação de monitoramento das chuvas e vazões do sistema, instalação de postos fluviométricos e medições de descargas líquidas e sólidas.
A Sabesp disse que cumpre as determinações da Agência Nacional de Águas, órgão regulador federal.
Outra recomendação é que o governo faça a transposição de água de bacias mais distantes da capital para diminuir a dependência em relação ao sistema Cantareira.
Três anos depois do relatório final ficar pronto, em agosto de 2013, o governo firmou contrato de PPP (Parceria Público-Privada) para levar água do Vale do Ribeira para a Grande SP. A previsão é que o sistema seja entregue em 2018.
"Não se trata de atribuir culpa a um ou a outro, mas de resolver esse problema", afirma Benedito Braga, presidente do Conselho Mundial da Água e professor da Escola Politécnica da USP.
"Em 2009, houve essa análise [de buscar água em outras bacias] e a Sabesp passou a priorizar essa obra para trazer mais água para a cidade."
Procurada, a Secretaria de Saneamento e Recursos Hídricos não respondeu.

Outro lado
Sabesp afirma que cumpre normas da agência reguladora

DE SÃO PAULO

A Sabesp diz cumprir as determinações da ANA (Agência Nacional de Águas). Sobre o relatório final do Plano da Bacia Hidrográfica do Alto Tietê, a companhia afirma se tratar de recomendações sem caráter obrigatório.

Em nota, a Sabesp diz também que um novo sistema, o São Lourenço, está em construção no Vale do Ribeira.

A obra é uma PPP (Parceria Público-Privada) com investimento de R$ 2,21 bilhões. Com entrega prevista para 2018, ela deve adicionar 4.700 litros de água por segundo ao volume captado atualmente.

De acordo com a empresa, essa quantidade de água é suficiente para abastecer mais 1,5 milhão de moradores na região da Grande São Paulo.

Ainda segundo a nota, "desde 2004, ou seja, antes do documento de recomendação citado, a Sabesp entregou uma série de obras que ampliaram o fornecimento de água para a Grande SP, reduzindo a dependência em relação ao Sistema Cantareira".

Um exemplo citado "é a PPP Alto Tietê, concluída em 2011 e que adicionou 5 mil litros por segundo de água tratada ao sistema de abastecimento metropolitano".

De acordo com a Sabesp, outras obras foram feitas no sistemas Guarapiranga, Rio Grande, Alto Cotia, Baixo Cotia e Embu-Guaçu.

"Entre 2004 e 2013, foram incluídos 15.600 litros de água por segundo "" suficiente para abastecer 4,7 milhões de pessoas", afirma a companhia de saneamento.

Outro lado
Sabesp afirma que cumpre normas da agência reguladora

DE SÃO PAULO

A Sabesp diz cumprir as determinações da ANA (Agência Nacional de Águas). Sobre o relatório final do Plano da Bacia Hidrográfica do Alto Tietê, a companhia afirma se tratar de recomendações sem caráter obrigatório.

Em nota, a Sabesp diz também que um novo sistema, o São Lourenço, está em construção no Vale do Ribeira.

A obra é uma PPP (Parceria Público-Privada) com investimento de R$ 2,21 bilhões. Com entrega prevista para 2018, ela deve adicionar 4.700 litros de água por segundo ao volume captado atualmente.

De acordo com a empresa, essa quantidade de água é suficiente para abastecer mais 1,5 milhão de moradores na região da Grande São Paulo.

Ainda segundo a nota, "desde 2004, ou seja, antes do documento de recomendação citado, a Sabesp entregou uma série de obras que ampliaram o fornecimento de água para a Grande SP, reduzindo a dependência em relação ao Sistema Cantareira".

Um exemplo citado "é a PPP Alto Tietê, concluída em 2011 e que adicionou 5 mil litros por segundo de água tratada ao sistema de abastecimento metropolitano".

De acordo com a Sabesp, outras obras foram feitas no sistemas Guarapiranga, Rio Grande, Alto Cotia, Baixo Cotia e Embu-Guaçu.

"Entre 2004 e 2013, foram incluídos 15.600 litros de água por segundo "" suficiente para abastecer 4,7 milhões de pessoas", afirma a companhia de saneamento.

FSP, 13/03/2014, Cotidiano, p. C5

http://www1.folha.uol.com.br/fsp/cotidiano/156214-estado-foi-alertado-e…

http://www1.folha.uol.com.br/fsp/cotidiano/156215-sabesp-afirma-que-cum…

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