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Estado financia ditadura das empresas contra os ribeirinhos

Brasil de Fato - www.brasildefato.com.br
Autor: Alexania Rossato
18 de Dez de 2009

Uma coisa é certa: sem o financiamento do BNDES, usinas hidrelétricas como Santo Antônio, Jirau, no rio Madeira em Rondônia, e Belo Monte, no rio Xingu no Pará, não sairiam do papel e, conseqüentemente, milhares de pessoas não estariam morando de favor na casa de amigos e parentes e não teriam perdido suas condições de sobrevivência, como está acontecendo com os ribeirinhos do Madeira.

"O próprio banco financia a ditadura das empresas construtoras e a expulsão dos ribeirinhos", sentencia Océlio Muniz, da coordenação nacional do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), ao lembrar os R$ 15 bilhões investidos pelo BNDES nas duas usinas, Santo Antônio e Jirau. Atualmente, o banco é o maior financiador da construção de barragens e de 2003 até metade de 2008, já havia financiado 210 projetos. Ou seja, todas as grandes empresas nacionais e estrangeiras construtoras de barragens, como a Odebrecht e a Suez-Tractebel, passaram os riscos e os custos das obras para um banco publico.

"O total de investimentos é assustador e devemos observar que torna-se público apenas uma parte do dinheiro aplicado. É fundamental ver o total dos custos previstos para podermos fazer uma avaliação dos investimentos sob outro ponto de vista. Principalmente levar em conta o que poderia ser feito se esse dinheiro fosse investido em obras do interesse do povo, como moradia, saneamento, educação, saúde e geração de emprego, justamente o que mais falta aos atingidos por barragens", afirma Muniz.

Neste sentido também fala Antônia Melo, uma das coordenadoras do Movimento Xingu Vivo para Sempre. Para ela, o verdadeiro desenvolvimento que o povo precisa é a melhoria nas estradas, no sistema educacional e de saúde, no investimento às iniciativas de sustentabilidade e sobrevivência dos povos da floresta. O BNDES deveria estar voltado para isso e não para o financiamento de R$ 16 bilhões na construção da Usina Hidrelétrica de Belo Monte, como está sendo estimado. "É vergonhoso que um banco público invista recursos deste porte em projetos nefastos como a UHE Belo Monte. Repudiamos com veemência esta decisão do BNDES de investir na privatização e morte do Rio Xingu e do seu povo", declarou.

A liderança também se refere ao desmascaramento do projeto de Belo Monte pelo Painel de Especialistas realizado por professores de diversas universidades, lançado recentemente: "A mentira desse projeto foi revelada pelos especialistas que se debruçaram sobre o EIA/Rima. Os Estudos de Impacto Ambiental não revelam problemas de várias ordens, as usinas hidrelétricas de Balbina, Samuel e Tucuruí, todas na Amazônia, são exemplos dos erros irreversíveis e incalculáveis de obras como Belo Monte. Ficou clara e evidente a monstruosidade desse projeto que já vínhamos denunciando há vários anos e que o governo brasileiro e o BNDES se negam a reconhecer", finalizou.

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