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Envenenamento de indígenas por mercúrio: novos dados vêm à luz

Adital- http://site.adital.com.br
28 de Mar de 2016

Novos dados revelam níveis alarmantes de mercúrio entre os povos indígenas yanomâmi e yekuana da selva amazônica. A fundação de saúde brasileira Fiocruz, juntamente com a Associação Ianomâmi Hutukara, a ONG brasileira ISA (Instituto Socioambiental) e a Associação Yekuana APYB desenvolveram um estudo a partir da mostra de cabelo de indígenas pertencentes a 19 comunidades desses povos, que revela que mais de 90% dos habitantes originários da região se encontram seriamente afetados.

Garimpeiros ilegais, que operam em território yanomâmi, estão contaminando os rios dos indígenas com o mercúrio que utilizam durante o processo de extração do metal aurífero. O mercúrio entra, então, na cadeia alimentar através das águas do rio que os ianomâmis bebem e dos peixes que constituem uma parte fundamental da sua dieta.

O xamã e porta-voz yanomâmi mundialmente reconhecido, Davi Kopenawa, apresentou essas evidências para a relatora especial sobre os Direitos dos Povos Indígenas da ONU [Organização das Nações Unidas], Victoria Tauli-Corpuz, durante sua visita ao Brasil, no início do mês de março.

"Estamos preocupados com os resultados dessa investigação. Essa contaminação afeta as plantas, os animais e as gerações futuras", declara Reinaldo Rocha, indígena yekuana.

Os yanomâmis isolados, um dos povos mais vulneráveis do planeta, se encontram especialmente ameaçados. Os mineradores ilegais trabalham extremamente próximos de uma das zonas onde vivem.

Promotores federais do Brasil estão analisando os resultados do estudo e continuam pressionando para que se coloque um fim à mineração ilegal.

A contaminação por mercúrio também ameaça outros povos indígenas amazônicos: no início do mês de março, a Survival denunciou que até 80% do povo indígena nahua, do Peru, recentemente contatado, ficaram intoxicados, aumentando as graves preocupações sobre o futuro da tribo.

Os yanomâmis também estão lutando contra os incêndios florestais, que arrasaram várias zonas de sua terra, em meses recentes. As causas ainda não foram esclarecidas, mas alguns yanomâmis suspeitam que os mineradores e os madeireiros ilegais iniciaram o fogo deliberadamente, e solicitam o deslocamento de mais esquadrões de bombeiros.

Os yanomâmis dependem da sua selva para sobreviverem. Sua terra, no Brasil, foi demarcada como território indígena, em 1992, à raiz de uma longa campanha internacional. Os yanomâmis, seus aliados no Brasil e Venezuela, e a Survival estão pressionando, agora, as autoridades para que expulsem todos os invasores da terra indígena, para que os mantenham longe definitivamente, e para que detenham os planos de abrirem território indígena para a mineração em grande escala.

Em uma carta da Associação Yanomâmi Hutukara para a presidenta Dilma Rousseff [Partido dos Trabalhadores - PT], os indígenas declararam: "Neste momento, em que o Brasil e o mundo se concentra em buscar soluções para proteger o clima, a água, as selvas e seus povos, não tem sentido que o Brasil favoreça projetos que possam acarretar a destruição da natureza dentro da terra indígena yanomâmi".

http://site.adital.com.br/site/noticia.php?lang=PT&cod=88536

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