VOLTAR

Entidade ambiental de Porto de Moz contesta madeireiro

O Liberal-Belém-PA
10 de Out de 2002

O Comitê do Desenvolvimento Sustentável de Porto de Moz, no sudoeste do Estado, contesta acusações de Edson André Campos, que em entrevista a O LIBERAL declarou-se vítima e não agressor de líderes comunitários da região, durante protesto contra a exploração ilegal de madeira e grilagem de terras e que resultou no fechamento do rio Juarucu, na segunda semana de setembro passado.

"Assusta-nos a capacidade desse cidadão de tão descaradamente criar fatos que jamais existiram e justamente para um jornal de tamanha credibilidade e de tão grande número de leitores", diz nota enviada ontem pelo Comitê a O LIBERAL. Segundo ele, a justiça e a verdade devem ser defendidas, por isso admite que de fato houve um confronto corporal, quando Édson André Campos conduzia a balsa para "esmagar os barcos que bloqueavam o rio". No entanto, assegura a entidade, essa ação se restringiu ao estritamente necessário para imobilizar o dono da balsa e foi em "legítima defesa da vida de 86 pessoas que estavam no interior de cinco barcos, pequenas embarcações que fatalmente seriam destruídas caso não se detivesse o curso da balsa". Prova disso é que uma vez paralisada a balsa, ninguém mais tocou em André Campos.

Mentiras - Dizendo que a manifestação foi essencialmente pacifista, apesar da versão "distorcida e mentirosa dos fatos" apresentada pelo acusado, o Comitê acrescenta que historicamente os ribeirinhos e trabalhadores da região sempre foram "violentados, usurpados e desrespeitados" pelos poderosos. "Acusá-los de violentos seria uma total inversão da história e uma inverdade revoltante".

Mais adiante, a nota da entidade questiona: "Será que alguém com duas costelas quebradas tem condições físicas para espancar alguém? Se ele (André Campos) se posiciona contra a violência, por que espancou, com mais cinco comparsas, covardemente e a traição, dois comunitários que estavam sentados em frente a Prefeitura de Porto de Moz, no último dia 27?".

O papel do vereador Ilely no episódio também é defendido pelo Comitê, que diz ter ele estado presente no local apenas para se solidarizar aos comunitários que hoje estão impedidos de trabalhar em suas terras. Sobre supostas perseguições apontadas pelo irmão do prefeito contra sua família, a nota garante que isso se deve às denúncias que o vereador tem feito sobre desvio de recursos do Fundef contra o prefeito Gérson Campos, além da retirada ilegal de madeira e grilagem de terras praticada pelo Grupo Campos.

O Comitê defende a criação da reserva extrativista "Verde para Sempre", porque, sustenta, se trata de uma proposta concreta de reforma agrária e de desenvolvimento sustentável que irá beneficiar mais de doze mil pessoas que moram na região entre os rios Amazonas e Xingu.

"Os vândalos e baderneiros apontados pelo senhor André Campos são comunitários, trabalhadores rurais que lutam para sobreviver e garantir seus direitos de ter terra para trabalhar. Direitos que estão sendo violados pela exploração criminosa e insustentável de madeira e pela grilagem de terras em Porto de Moz".

As notícias aqui publicadas são pesquisadas diariamente em diferentes fontes e transcritas tal qual apresentadas em seu canal de origem. O Instituto Socioambiental não se responsabiliza pelas opiniões ou erros publicados nestes textos. Caso você encontre alguma inconsistência nas notícias, por favor, entre em contato diretamente com a fonte.