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Empresas projetam mega-ferrovia entre MT e o Pacífico

Midianews
31 de Jul de 2001

Se colocados em prática, três pré-projetos ousados entre Brasil, Peru e Bolívia irão trazer inúmeros benefícios para Mato Grosso. Os mapas do Centro-Oeste e Amazônia estão sendo riscados por empresas privadas dos três países para a construção da mega-ferrovia que, se sair do papel, vai colocar a produção de grãos do Estado em direção ao Pacífico.

Três estudos já estão em andamento. O mais arrojado é a proposta da construção da Ferrovia Rey (3.822 km) saindo de Puerto Bayóvar, no litoral do Peru, e utilizando como principal ponto de apoio o município de Rondonópolis (210 km de Cuiabá), em Mato Grosso. Dali, os trilhos da mega-ferrovia seriam interligados para o Porto de Santos, aproveitando os trilhos já existentes da Ferronorte.

Consta no projeto que os trens carregados com grãos de Mato Grosso descarregariam grãos no Peru e voltariam carregados minérios como cobre, fosfato, entre outros. O arquiteto peruano José Torrico, há 20 anos morando em São Paulo, é um dos defensores da mega-ferrovia. Torrico, que tem apoio da Embaixada do Peru, coordena um consórcio de empresas privadas, entre elas a própria Ferronorte, Vale do Rio Doce e Norberto Odebrecht. "Um consórcio de grandes investidores internacionais estaria disposto a financiar a obra, de bilhões de dólares, se um estudo de viabilidade demonstrar que o projeto é tecnicamente exeqüível e economicamente rentável", avalia.

"Nossa proposta é interligar Bayóvar a Santos por ferrovia, com a construção de 1.412 km de trilhos em território peruano e de 2.410 km em território brasileiro, até alcançar a cidade de Rondonópolis, onde a Ferronorte chegará dentro de dois anos", informa Torrico. A extensão total da ferrovia, de Puerto Bayóvar até o Porto de Santos, seria de 5.222 km. A ligação por terra Brasil-Peru facilitaria o acesso ao Oceano Pacífico, que atualmente se faz pelo Canal do Panamá (15 mil km) ou pelo Cabo Horn (7 mil km), partindo de Santos.

Duas das empresas brasileiras arroladas entre os prováveis participantes do consórcio confirmaram seu interesse. "Ainda não existe nada de concreto, mas certamente gostaríamos de participar de uma ferrovia que ligasse o litoral peruano a nossos trilhos em Rondonópolis", adianta o presidente da Ferropasa - Ferronorte Participações S.A, Nelson de Sampaio Bastos. Além da Ferronorte, essa holding controla a Novoeste e a Ferroban, cujas malhas se integrariam ao projeto. A Odebrecht, que tem uma filial no Peru, também confirma a intenção de trabalhar na construção da ferrovia.

Apesar de reconhecerem a importância do projeto, os governos do Brasil e do Peru não se dispõem a bancar o estudo de viabilidade, na faixa de US$ 3 milhões. "Estamos procurando um financiador", diz Torrico, desistindo de buscar recursos oficiais.

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