VOLTAR

Empresários de Guarulhos criticam corte de água

OESP, Metrópole, p. A14
18 de Mar de 2014

Empresários de Guarulhos criticam corte de água
Indústrias da cidade da Grande São Paulo classificam redução feita pela Sabesp como injusta e dizem que medida pode afetar linha de produção

Fabio Leite - O Estado de S. Paulo

SÃO PAULO - Empresários de Guarulhos, primeira cidade da Grande São Paulo a sofrer racionamento oficial de água, classificaram como injusto o corte feito pelo Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp) apenas para municípios abastecidos pelo Sistema Cantareira que compram água no atacado e disseram que a medida pode afetar a linha de produção das indústrias locais.
"É um absurdo racionar água apenas para uma cidade. Independente de ser do Cantareira ou não, o governo deveria adotar a medida para todos, de forma equitativa", afirmou Maurício Colin, o diretor do Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (Ciesp) na cidade. "O racionamento pode provocar a paralisação das linhas de produção de várias indústrias", disse o representante de 3 mil empresários de Guarulhos.
O município começou com o rodízio de um dia com água e um dia sem para cerca de 850 mil pessoas no último sábado, 15. O Serviço Autônomo de Água e Esgoto de Guarulhos (Saae) disse que o racionamento foi "imposto" pela Sabesp, que cortou em 15% o volume de água vendido à cidade. A companhia, por sua vez, informou que o corte foi determinado pela Agência Nacional de Águas (ANA) e pelo Departamento de Água e Energia Elétrica (DAEE).
Embora ontem tenha sido o primeiro dia útil de racionamento oficial na cidade, o presidente da Associação dos Empresários de Cumbica (Asec), Aarão Ruben de Oliveira, disse que muitas empresas do polo industrial na região do aeroporto já tinham começado a comprar água de caminhões-tanque por causa de frequentes cortes no abastecimento nas últimas semanas.
"Nós já vínhamos sofrendo constantemente com redução velada do fornecimento de água. Algumas empresas passaram a usar água de reúso, abriram poço, ou compraram dos caminhões-tanque. Agora, vamos ver como ficará com esse corte efetivo, que consideramos injusto porque os impostos que geramos aqui vai para todo o Estado", disse Oliveira.
Rodízio. Quem não tem condições de comprar água do caminhão se vira como pode. É o caso do aposentado Roberto Ferreira, de 74 anos, que passou a fazer "rodízio de banheiro" em casa para evitar que as caixas d'água sequem. "Tenho três caixas de 500 litros. Uma fica só para tomar banho no banheiro do quarto. A outra a gente deixa para as fazer as necessidades no banheiro de baixo. E a terceira é a da cozinha", disse Ferreira, que mora na Vila São Jorge.
Já o vendedor autônomo Willians Rodrigues Costa, de 34 anos, tem sido obrigado a tomar banho na casa da sogra, na Vila Nova Cachoeirinha, zona norte da capital, desde sexta-feira porque não tem água suficiente na sua rua, na Vila Mena. "Aqui sempre foi um problema para chegar água. Agora, então, não vem mesmo."
Com as torneiras secas, Costa chega a usar água comprada em galões de 20 litros para consumo próprio para lavar a louça. "Já não lavamos mais o quintal e uso água da chuva para limpar o xixi do cachorro. E mesmo sem água a conta continua vindo alta", afirmou o autônomo.
Segundo a Saae, a Sabesp reduziu a oferta de água para a cidade em 390 litros por segundo, do total de 2,5 mil litros por segundo comprados. A empresa informou ainda que além dos 850 mil moradores que são atendidos com água do Cantareira, outros 210 mil moradores de seis bairros já convivem com problema de desabastecimento desde o início de fevereiro por causa da redução do volume de água fornecido pela Sabesp pelo reservatório de Vila Industrial, em Itaquaquecetuba, pertencente ao Sistema Alto Tietê.
Ao todo, o Saae compra por atacado da Sabesp cerca de 87% da água que distribui aos 1,2 milhão de moradores; o Cantareira é responsável por 62% e o Alto Tietê por 25%. Os 13% restantes equivalem à produção própria do município.

Em queda, nível de água do Cantareira atinge 15% da capacidade
Medição da Sabesp aponta novo recorde negativo do sistema que é a principal fonte de abastecimento de água da Grande São Paulo

Fabio Leite - O Estado de S. Paulo

SÃO PAULO - O nível de água no Sistema Cantareira atingiu novo recorde negativo nesta segunda-feira, 17. Medição feita pela Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp) aponta que o volume armazenado no principal manancial que abastece a Grande São Paulo e a região de Campinas caiu para 15% da capacidade. Ontem, o índice estava em 15,2%. Há um ano, o nível era de 58,9%.
O volume do Cantareira continua em queda mesmo após a adoção de uma série de medidas tomadas pelo governo Geraldo Alckmin (PSDB) para tentar evitar o racionamento de água generalizado nas duas regiões. Entre elas estão o plano de desconto na conta para quem reduzir o consumo, a redução em ao menos 10% do volume de água retirado do Cantareira, e o remanejamento de água dos sistemas Alto Tietê e Guarapiranga para cerca de 3 milhões de pessoas.
A Sabesp também reduziu em 15% da oferta de água vendida no atacado na Grande São Paulo. Após a medida, Guarulhos anunciou na semana passada o início do esquema de rodízio de abastecimento na cidade, a segunda mais populosa do Estado. Bairros da capital, em especial na zona norte, também sofrem há semanas com falta de água à noite. A Sabesp, porém, nega que haja racionamento.
Em seu relatório diário, o comitê anticrise que monitora o Cantareira aponta que o "volume útil" de água armazenada nas represas Jaguari e Jacareí, que correspondem a 82% da reserva de todo o manancial, chegou a 8,9% da capacidade, a mais baixa da história. Diante desse cenário, o grupo estima que o volume útil de todo o sistema se esgote em julho, durante a Copa do Mundo.
Por causa disso, a Sabesp deve instalar equipamentos para iniciar a captação de água do chamado "volume morto", cerca de 400 bilhões de litros que ficam no fundo dos reservatórios, abaixo do nível das bombas. Segundo a companhia, a operação deve entrar em funcionamento em maio a um custo estimado em R$ 80 milhões.

OESP, 18/03/2014, Metrópole, p. A14

http://www.estadao.com.br/noticias/cidades,empresarios-de-guarulhos-cri…

http://www.estadao.com.br/noticias/cidades,em-queda-nivel-de-agua-do-ca…

As notícias aqui publicadas são pesquisadas diariamente em diferentes fontes e transcritas tal qual apresentadas em seu canal de origem. O Instituto Socioambiental não se responsabiliza pelas opiniões ou erros publicados nestes textos. Caso você encontre alguma inconsistência nas notícias, por favor, entre em contato diretamente com a fonte.