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Empresários da região criam opções de investimentos

OESP, Economia, p. B10
15 de Nov de 2009

Empresários da região criam opções de investimentos

Renée Pereira, ALTAMIRA

De olho nas oportunidades que a Hidrelétrica de Belo Monte pode trazer para a região, empresários de Altamira e dez cidades do interior do Pará se uniram para enfrentar os ambientalistas. Eles criaram o Fórum Regional de Desenvolvimento Econômico e Socioambiental da Transamazônica e Xingu (Fort Xingu) para estudar e estudar alternativas de investimentos com base na construção da usina. "Só Belo Monte não resolverá todos os problemas e carências que existem por aqui", afirma o empresário Vilmar José Soares. "Precisamos de um plano sustentável."

Por isso, além das melhorias na infraestrutura da cidade que virão com Belo Monte, o fórum tenta trazer duas fábricas de alumínio para o município de Vitória do Xingu, vizinho a Altamira. Afinal, como são grandes consumidoras de energia, elas estariam ao lado de uma usina. Cada unidade criaria 4 mil empregos diretos e 8 mil indiretos, diz Soares. "Também trabalhamos para conseguir instalar uma fábrica de produção de leite em pó, já que somos uma região forte na pecuária."

Outro objetivo é fortalecer a plantação de cacau, que vem ganhando espaço em Altamira. Nos últimos anos, o crescimento da colheita cresceu em média 7% ao ano. "Só não avançamos mais porque há uma escassez de sementes de cacau para plantar", completa o representante do Fort Xingu. Futuramente, diz Soares, a região poderia fazer a própria industrialização do produto, que hoje é feita na Bahia.

O empresário Waldir Antônio Narzetti, outro membro do Fort Xingu, diz que o grupo percorreu toda a região para verificar as principais carências de cada cidade. O documento foi enviada a Brasília, sendo parte dele contemplado no estudo de impacto ambiental de Belo Monte. Dono de uma loja de material de construção, ele afirma que do jeito que está não é possível continuar em Altamira.

Ao contrário do resto do País, o setor de construção civil no município está praticamente parado. "O povo não tem dinheiro para nada. Se a hidrelétrica não sair do papel até março, vou embora da cidade", desabafa o empresário, nascido no Paraná, que vive em Altamira desde os seis de idade.

Os pais de Narzetti chegaram ao município há 37 anos, motivados pelo antigo lema do governo Geisel: "Terras sem homens para homens sem terra". O pai acabou morto numa confusão com o vizinho, mas Narzetti continuou na região.

O mesmo ocorreu com a empresária Edina Regina Campioni Loraschi, uma catarinense que vive há 22 anos em Altamira. Na década de 80, ao lado do marido, ela foi buscar a sorte no Pará, onde os sogros já estavam há algum tempo no ramo de supermercado. De Santa Catarina, levaram apenas duas caixas com roupas e alguns objetos pessoais. Começou vendendo pneus de carros e bicicleta. Hoje administra uma filial da Firestone em Altamira, além de uma outra loja do mesmo ramo de pneumáticos.

"Este é o meu lugar. Por isso, tenho de lutar pelo desenvolvimento da região, que vive no abandono, esquecida pelos governos", diz Edina, que resistiu às pressões da família para voltar à terra natal, depois da morte do marido e do filho. Hoje vive sozinha em Altamira.

OESP, 15/11/2009, Economia, p. B10

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