VOLTAR

Em cinco meses, mais de 90 pessoas foram presas no AP por caça ilegal de animais

G1 - http://g1.globo.com/
09 de Mai de 2018

Em cinco meses, mais de 90 pessoas foram presas no AP por caça ilegal de animais
Mesmo os que vivem em reserva ambiental não estão protegidos da matança predatória. Em uma área localizada em Santana o monitoramento é integral, mas os caçadores atuam com ousadia.

Por Rita Torrinha, G1 AP, Macapá
09/05/2018 08h08 Atualizado há 4 horas

Mesmo dentro de uma área ambiental, animais de diversas espécies não estão protegidos contra a ação humana. Na Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN) Revecom, localizada em Santana, a 17 quilômetros de Macapá, caçadores colocam diariamente os bichos em risco. A matança mais uma vez acende o alerta quanto a caça ilegal.

No Amapá, em 2017 foram 147 casos de caça predatória atendidos pelo Batalhão Ambiental. Já este ano, somente nos primeiros cinco meses, um total de 98 pessoas foram conduzidas à delegacia, por caça de animais silvestres. No mesmo período do ano passado, foram 36 ocorrências.

Na maioria dos casos, segundo o batalhão, os animais são encontrados mortos. Na semana passada, um homem foi preso em Santana com 50 quilos de carne de jacaré. Ele foi conduzido à delegacia, ouvido, mas foi solto em seguida. Vai responder em liberdade.

Isso acontece porque a pena para esse tipo de crime é considerada branda no Brasil. Gerente da Revecom, Paulo Amorim lembra que invadir a reserva e caçar animais é crime, e pode dar cadeia. Mas a sensação é de impunidade.

"A punição do caçador não é eficiente. A lei de crimes ambientais prevê a detenção de seis meses a um ano e multa. Porém, é normal a pessoa ter a conversão da multa em cestas básicas ou alguma pena alternativa", lamentou. Para Amorim, o maior problema é a falta de conscientização da população.

"O Brasil precisa ser reeducado, a população precisa ser domesticada. Estamos no século 21 e a gente não percebe o brasileiro transpirar uma boa convivência com o meio ambiente", completa.

Entre 2011 e 2014, cerca de 160 animais foram mortos na área da Revecom, que possui 17 hectares, equivalente ao tamanho de 17 campos de futebol. A beira do rio e igarapés é considerada ponto vulnerável, pois é onde os animais são mortos a tiros quando procuram água para beber ou vão se alimentar. Os que conseguem fugir acabam morrendo pelo caminho ou ficam muito feridos, a ponto de terem que ser sacrificados.

Os mais depredados pelos caçadores são macacos, pacas, cutias, porcos do mato, veado e capivara. Amorim não acredita em caça para o consumo, uma vez que essas pessoas têm acesso a mantimentos na cidade.

Os próprios moradores, revoltados com a situação, denunciam. Segundo informações, o quilo da carne de paca ou cutia pode chegar a até R$ 100. Para monitorar a movimentação dos animais, câmeras foram instaladas em locais específicos da reserva. Mesmo assim, os caçadores não se intimidam, afirma Amorim.

Atualmente, existem pouco mais de 300 animais na reserva, entre araras, gaviões, pacas, onça e outras espécies. Ainda de acordo com o gerente, muitos caçadores que são presos e passam a responder em liberdade, são os mesmos que, tempos depois, voltam a praticar o crime, aumentando a estatística da impunidade.

https://g1.globo.com/ap/amapa/noticia/em-cinco-meses-mais-de-90-pessoas…

As notícias aqui publicadas são pesquisadas diariamente em diferentes fontes e transcritas tal qual apresentadas em seu canal de origem. O Instituto Socioambiental não se responsabiliza pelas opiniões ou erros publicados nestes textos. Caso você encontre alguma inconsistência nas notícias, por favor, entre em contato diretamente com a fonte.