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Eletrobras vai seguir Cemig e vender usina

Valor Econômico, Empresas, p. B2
30 de Jun de 2017

Eletrobras vai seguir Cemig e vender usina

Rodrigo Polito

A Eletrobras confirmou ontem a intenção de exercer a cláusula de "tag along" (mecanismo que estende a oferta dos controladores aos minoritários nas mesmas condições) com relação à venda de sua participação na hidrelétrica de Santo Antônio (RO). Nesta semana, a Cemig, uma das acionistas de Santo Antônio, informou ter recebido oferta da chinesa SPIC Overseas pela sua participação na hidrelétrica.
"Eu soube [do anúncio feito pela Cemig] pela mídia. Se ele [o negócio] está nesse tipo de desenvolvimento e nós temos para exercer a cláusula de direito de tag along, sim, nós temos a disposição de exercer", afirmou o diretor financeiro e de relações com investidores da Eletrobras, Armando Casado, após participar de evento sobre integração energética na América do Sul, promovido pela chinesa State Grid, no Rio de Janeiro.
Considerando as participações direta e indireta, a Cemig possui 18,13% da Madeira Energia (Mesa, controladora da concessionária da hidrelétrica). A Andrade Gutierrez possui outros 4,2%. Os demais sócios são Odebrecht (18,6%), Caixa FIP Amazônia Energia (20%) e Furnas, subsidiária da Eletrobras (39%).
Em ocasiões anteriores, o presidente da Eletrobras, Wilson Ferreira Jr., já havia afirmado que a companhia tinha interesse em exercer cláusula de tag along nos negócios em que os acionistas controladores estivessem vendendo suas respectivas participações, como é o caso de Santo Antônio. O exercício do "tag along" é uma das modalidades do plano de venda de ativos da Eletrobras, cujo objetivo é levantar R$ 4,6 bilhões neste ano.
Casado explicou que uma eventual venda da participação da empresa em Santo Antônio não será suficiente para preencher a meta de R$ 4,6 bilhões de desinvestimentos este ano. Para alcançar a marca, a companhia conta com privatizações de distribuidoras e venda de participações em sociedades de propósito específico (SPES) de linhas de transmissão e parques eólicos.
Segundo uma fonte com conhecimento do assunto, o conselho de administração da Cemig deve aprovar na próxima semana a proposta apresentada pela SPIC Overseas. "Até a próxima semana acredito que isso já possa ser fechado", afirmou ela ao Valor.
A fonte não comentou o valor da proposta, porém afirmou que a cifra "está bem compatível" com o que a Cemig esperava. "As primeiras propostas não estavam dentro daquilo que a própria Cemig achava que seria adequado para a característica daquele investimento. Foi uma negociação bastante longa. Se chegou a um modelo que achamos bastante adequado."
Conforme reportagem publicada ontem pelo Valor, segundo fontes com conhecimento do assunto, a oferta dos chineses avalia a hidrelétrica em cerca de R$ 7 bilhões, mais possíveis acréscimos dependendo do desempenho da usina e do resultado de disputas judiciais, como ações referentes ao risco hidrológico.
Ainda segundo a fonte, todos os acionistas da hidrelétrica, de 3.568 megawatts (MW) de capacidade instalada, deverão vender sua participação no projeto. "O grupo como um todo está vendendo [as respectivas participações na usina]. Será uma venda total. Todo mundo vai vender".
No evento, Casado afirmou também que a Eletrobras está desenvolvendo estudos de hidrelétricas na Guiana e no Suriname e de uma linha de transmissão, de 1,8 mil quilômetros, ligando os dois países ao Brasil, passando pela Guiana Francesa. Segundo ele, os estudos ainda são "embrionários". "Ainda está em uma fase de pré-viabilidade. Com usinas e uma linha de transmissão de 1.800 quilômetros."
Os estudos, orçados em cerca de US$ 2 milhões, são financiados pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID).
Presente ao evento, o presidente da State Grid Brazil Holding (SGBH), Cai Hongxian, destacou o potencial brasileiro de recursos naturais, que pode trazer benefícios na integração energética regional.
"O Brasil tem uma situação particular com recursos fartos para o desenvolvimento de energias verdes", afirmou o executivo. (Colaborou Camila Maia, de São Paulo)

Valor Econômico, 30/06/2017, Empresas, p. B2

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