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Eletrobrás perde relevância na geração de energia do País

OESP, Economia, p. B4
25 de Fev de 2018

Eletrobrás perde relevância na geração de energia do País
De 2011 para cá, estatal contribuiu com apenas 15% do aumento da expansão do sistema elétrico

Renée Pereira, O Estado de S.Paulo
25 Fevereiro 2018 | 05h00

Negócios mal sucedidos e o constante uso político da Eletrobrás acabaram por minar as forças da estatal na expansão do setor elétrico brasileiro. De 2011 para cá, a participação da empresa na capacidade instalada do País caiu de 36% para 31%. Nesse período, a empresa contribuiu com apenas 15% do aumento da expansão do sistema elétrico, enquanto a iniciativa privada (e estatais estaduais) foi responsável por 85%. Para ter ideia, quando ampliado esse período, entre 2002 e 2016, a Eletrobrás participou com 28% da expansão da geração.
Os motivos para a perda de relevância no setor são variados. Historicamente, as controladas da Eletrobrás sempre tiveram vida independente da holding e não prestavam contas do que faziam. Cada uma tinha uma estratégia de investimentos, que nem sempre era rentável para o grupo. "As empresas participaram de inúmeros empreendimentos que, em vez de gerarem valor para o grupo, destruíram", afirma o presidente do Instituto Acende Brasil, Claudio Sales.
Também contribuíram para a deterioração do caixa da estatal os constantes e bilionários prejuízos das distribuidoras - que agora serão privatizadas. Mas, segundo especialistas, a gota d'água foi a MP 579, que a ex-presidente Dilma Rousseff fez para renovar as concessões do setor. Criadas com objetivo de reduzir as tarifas de energia elétrica, as regras também abalaram o caixa das geradoras, em especial da Eletrobrás. "Ao mesmo tempo, a estatal estava comprometida com grandes investimentos, como as hidrelétricas de Jirau, Santo Antônio e Belo Monte (onde detinha 49% da participação)", afirma o professor da UFRJ, Nivalde de Castro.
Sem caixa e com compromissos elevados, a empresa foi obrigada a ficar longe dos leilões para arrumar a casa. Na outra ponta, a iniciativa privada aproveitou o espaço e ampliou a participação na geração de energia. Empresas como a italiana Enel, a franco-belga Engie, a Neoenergia e a CPFL avançaram no setor com uma série de parques eólicos e solares, além das grandes hidrelétricas e termoelétricas.
"Faz tempo que o setor deixou de depender do investimento estatal. Hoje o mais importante é ter uma regulação eficiente e previsível capaz de atrair o capital privado", afirma Sales. Com projetos menores e mais baratos comparados às mega hidrelétricas (Belo Monte, por exemplo, vai custar mais de R$ 30 bilhões), os parques eólicos e solares têm dado grande contribuição à expansão do sistema e elevado a participação de investidores estrangeiros.
Apetite. A italiana Enel é um exemplo do interesse da iniciativa privada por esse tipo de geração. Depois de passar um tempo sem grandes projetos no País, a empresa voltou com apetite e construiu vários empreendimentos. De junho do ano passado até agora, pôs em operação sete parques renováveis (quatro de energia solar e três complexos eólicos), que somam cerca de 1,2 mil MW. A Engie também tem interesse em eólicas, mas quer ampliar a participação na geração a gás.
Entre 2011 e 2016, a capacidade instalada que está nas mãos da iniciativa privada (e também de estatais estaduais) cresceu 37%. Na opinião de Celso Dall'Orto, da consultoria PSR, a Eletrobrás só terá novamente papel relevante no setor após sua reestruturação. "Há espaço para a empresa, mas depois de vender as SPEs e as distribuidoras e conseguir ter uma estrutura mais enxuta.
O presidente da estatal, Wilson Ferreira Jr, acredita que a empresa ainda retomará o protagonismo no setor. "Com a criação da corporação, objeto do projeto de lei enviado ao Congresso, a Eletrobrás vai retomar os investimentos para sustentar o crescimento e desenvolvimento econômico do País."

OESP, 25/02/2018, Economia, p. B4

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