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Eletrobras e State Grid podem ter disputa por linhão

Valor Econômico, Empresa, p. B2
16 de Jul de 2015

Eletrobras e State Grid podem ter disputa por linhão

Natalia Viri e Rodrigo Polito

A Eletrobras pode não repetir a parceria com a State Grid na disputa pelo segundo bipolo da linha de transmissão de Belo Monte, que será licitado amanhã. Segundo duas fontes próximas às negociações, a estatal avalia entrar em consórcio com outra companhia no certame. A chinesa, por sua vez, é presença certa e poderá participar sozinha, sem outros sócios, se as conversas com a Eletrobras não avançarem.
A avaliação é que a State Grid tem condições de atuar como investidora única no projeto, que demandará investimentos de R$ 7 bilhões, segundo a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). Já outros eventuais interessados, menos capitalizados, dependeriam mais da parceria com a estatal.
As duas empresas foram parceiras no consórcio que levou o primeiro bipolo do linhão, em fevereiro do ano passado - a State Grid, com 51%, e as subsidiárias da Eletrobras, Furnas e Eletronorte, com 24,5% cada. Na ocasião, ofereceram um deságio elevado, de 38%, sobre a teto de receita anual permitida (RAP). A espanhola Abengoa também fez um lance, com desconto de 11,49%, enquanto um consórcio formado por Taesa (do grupo Cemig) e Alupar apresentou deságio de 4,93%.
Para o segundo bipolo, a situação macroeconômica mais complicada e principalmente o crédito mais escasso podem limitar a concorrência, afirma Thais Prandini, da Thymos Energia. Neste ano, o BNDES limitou a concessão de empréstimos a valores subsidiados a apenas 50% dos itens financiáveis, ante a taxa de 70% que vigorava até o ano passado.
Além disso, a taxa de juros de longo prazo (TJLP), que baliza os empréstimos do banco, passou de 5% para 6%.
"Comparativamente, diversas empresas de transmissão que atuam com construtoras [das linhas] associadas também estão em condições financeiras bem mais complicadas", pondera a especialista. Nesse contexto, a State Grid segue como franca favorita, seja em parceria ou como única investidora, tanto pela disponibilidade de recursos quanto pela experiência na construção de linhas de ultra-tensão (800 kV) - os linhões de Belo Monte são os primeiros a adotar a tecnologia no país.
"Hoje, quem está com dinheiro são os chineses, e as ofertas tendem a ser bem menos agressivas", acrescenta Thais.
Neste ano, a Eletrobras diminuiu sua participação nos leilões de transmissão e ficou de fora da primeira licitação, que ocorreu em janeiro. Na ocasião, o diretor de transmissão, José Antonio Muniz, disse que o foco era a entrega de linhas atrasadas e em projetos estruturantes, como o segundo linhão de Belo Monte. Em entrevista concedida ao Valor na semana passada, o presidente da estatal, José Carvalho Costa Neto, reiterou a afirmação.
O segundo bipolo de Belo Monte ligará a usina, no Rio Xingu (PA), até Novo Iguaçu (RJ), em um percurso de mais de 2,5 mil quilômetros, e capacidade instalada de 7,8 gigawatts (GW) em duas subestações conversoras. A RAP máxima é de R$ 1,2 bilhão.

Valor Econômico, 16/07/2015, Empresa, p. B2

http://www.valor.com.br/empresas/4136820/eletrobras-e-state-grid-podem-…

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