VOLTAR

Dilma diz que não consegue gastar no PAC

FSP, Dinheiro, p. B1
08 de Mai de 2007

Dilma diz que não consegue gastar no PAC
"Temos os recursos", diz ministra, após divulgar balanço revelando que 47% dos projetos do programa têm dificuldade
Para governo, questão ambiental é maior entrave, mas plano enfrenta falta de projetos e coordenação com Estados e municípios

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Das 1.646 medidas prometidas pelo governo, em janeiro, para turbinar o crescimento do país no segundo mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, só metade conseguiu avançar, com boas chances de serem concretizadas dentro do prazo previsto inicialmente.
O resto de obras, estudos e projetos do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), 47,5%, enfrenta diferentes graus de riscos que podem comprometer sua execução.
Segundo balanço dos primeiros quatro meses do programa, 864 ações do PAC (52,5%) ganharam o selo positivo da ministra Dilma Rousseff (Casa Civil), coordenadora do programa. Isso equivale a R$ 308,9 bilhões (61,3%) dos R$ 503,9 bilhões que o governo prometeu investir até 2010.
Classificados de preocupante e com um carimbo vermelho à frente estão 138 obras, projetos ou estudos (8,4% do total), com investimentos totais de 2007 a 2010 de R$ 45,8 bilhões.
O governo não divulgou ontem a lista completa dessas obras. Listou sete: as usinas hidrelétricas de Jirau, Santo Antônio, Pai Querê e Baixo Iguaçu, o gasoduto Urucu-Manaus, a linha de transmissão de energia Palhoça/Desterro e o aeroporto de Vitória. Quatro delas, as usinas, por falta de licenças ambientais.
O restante dos empreendimentos, 644 (39,1% do total), foi carimbado de amarelo por Dilma por merecer "atenção" devido a pequenos atrasos no cronograma das obras ou riscos como licenças ambientais, análise de editais pelo TCU (Tribunal de Contas da União) e fornecimento de equipamentos.
Entre as obras com carimbo amarelo o governo colocou a transposição das águas do rio São Francisco. Dilma disse que ela poderia estar com sinal verde, mas o governo preferiu incluí-la no grupo que necessita de atenção especial por considerá-la prioritária.
Em seu balanço, o governo procurou dar uma avaliação mais positiva do PAC ao considerar com andamento satisfatório tanto os empreendimentos com rendimento adequado como os que merecem atenção, o que totaliza 91,6% do total.
Segundo Dilma, o maior entrave do PAC nesses primeiros meses são questões ambientais. É o caso, por exemplo, da falta de licença ambiental para as hidrelétricas de Jirau e Santo Antônio, no rio Madeira, que provocaram críticas de Lula ao setor ambiental do governo.
Mas o governo também enfrenta problemas com a falta de projetos e de coordenação com Estados e municípios, que estão comprometendo a área de infra-estrutura social e urbana, freqüentemente citada pelo governo como a que poderá contribuir para reduzir a desigualdade social, um dos objetivos do PAC. Esses projetos incluem, além de saneamento e habitação, metrôs e urbanização de favelas.

"Temos recursos"
"Temos os recursos, mas todo um processo que não gerou a quantidade de projetos necessário", justificou Dilma.
Essas dificuldades, além de atraso na liberação de recursos orçamentários, fizeram com que o governo gastasse muito pouco do Orçamento deste ano.
De um total de quase R$ 16 bilhões em investimentos previstos no PAC, só R$ 1,920 bilhão (12% do total) já foi devidamente comprometido para as respectivas obras, o que no jargão é chamado de empenho.
O governo alega, porém, que até o momento tem autorização para gastar R$ 9,5 bilhões do PAC com recursos orçamentários até que o Congresso aprove aumento de verbas do PPI (Projeto Piloto de Investimentos). Com essa conta, o valor empenhado já estaria em 20%, acima do valor usado em anos anteriores.
Segundo antecipou a Folha, às vésperas de soltar o primeiro balanço do programa, o governo pisou no acelerador e aumentou em quase R$ 1 bilhão os empenhos realizados.
Apesar dos entraves, o governo avalia que o desempenho é favorável até agora. "Os objetivos estabelecidos foram, de modo geral, conseguidos", afirmou o ministro Guido Mantega (Fazenda). "Optamos por uma posição conservadora no balanço", destacou a ministra Dilma.
O principal instrumento do PAC para acelerar o desenvolvimento no país é o aumento dos investimentos, sobretudo o privado.

"Instinto animal"
Isso, segundo Mantega, está sendo conseguido porque o programa "despertou o espírito animal empreendedor do empresariado para ele buscar ousar e confiar que será bem-sucedido".
Da agenda legislativa associada ao PAC, apenas uma proposta já foi convertida em lei, a que destina R$ 452 milhões para a extinção da Rede Ferroviária Nacional e a liquidação da Companhia de Navegação do São Francisco.
Estão no Congresso oito medidas provisórias que precisam ser votadas até o final deste mês para não perderem a validade, cinco projetos de lei -dois dos quais parados desde o início do ano- e uma série de outras iniciativas emperradas há anos e listadas no pacote oficial do governo.

FSP, 08/05/2007, Dinheiro, p. B1

As notícias aqui publicadas são pesquisadas diariamente em diferentes fontes e transcritas tal qual apresentadas em seu canal de origem. O Instituto Socioambiental não se responsabiliza pelas opiniões ou erros publicados nestes textos. Caso você encontre alguma inconsistência nas notícias, por favor, entre em contato diretamente com a fonte.