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Dia dos Povos Indígenas: Campanha fala de ativismo e preservação, cultura e resistência dos povos originários

Rede Globo - redeglobo.globo.com
Autor: Aline Bersa
19 de Abr de 2022

A ativista Márcia Wayna Kambeba falou sobre valorização e orgulho de sua identidade, cultura e história

Por Aline Bersa, Programação TV Liberal

19/04/2022 09h00

Nesta terça (19), Dia dos Povos Indígenas, a TV Liberal lança campanha que homenageia os povos originários com um um texto sensível e com uma potente entrevista com a ativista pelos direitos indígenas, principalmente das mulheres, Márcia Wayna Kambeba. A ativista fala um pouco sobre sua vida longe da aldeia, transição para a cidade, preconceito e também o orgulho que sente pelas suas raízes, cultura e história.

Márcia Wayna Kambeba, é do povo Kambeba, nascida na aldeia Belém do Solimões, localizada no extremo oeste do Amazonas, divisa com Colômbia, cresceu com o povo Ticuna, ao qual tem muito orgulho em dizer que pertence por território, em uma época em que as aldeias ainda não tinham tantas interferências e presenças de 'não indígenas', nos anos 80. Doente, a menina de 9 anos mudou-se para a cidade para realizar o tratamento contra pneumonia, e na cidade persistiu, ainda que a saudade de sua aldeia fosse diária e constante. Comentando sobre suas lembranças de infância, ela recordou o quanto ficava feliz em voltar a aldeia, reencontrar seus parentes e poder estar perto da natureza, era um momento muito alegre para ela, que criança, tinha dificuldades de se adaptar na cidade.

"A adaptação foi difícil porque você sai de uma aldeia que tem uma forma de vida, uma forma de territorialidade e fui pra uma outra completamente diferente, e aí foi quando eu conheci o preconceito, foi quando eu conheci o bullying, que na época era chacota mesmo né?! Mas tudo isso serve e serviu pra mim como motivação para que eu pudesse entender o que é resistência, luta e o que é valorização e orgulho da identidade, e a minha avó fazia com que eu compreendesse isso, mesmo estando na cidade ela nunca deixou de manter as memórias vivas em mim, a história viva e fortalecer esse pertencimento de ser indígena, de ser mulher indígena".

A ativista concedeu entrevista para a TV Liberal e falou sobre o seu processo complexo e pessoal em ter que sair de sua aldeia para a cidade. Nesse contexto descreveu todas as dificuldades e racismo que sofreu, relatando o quanto foi difícil o convívio com outras crianças de culturas diferentes, sem falar que sentia muita saudade do seu lar. Mas, diante de tudo, tinha em sua avó grande inspiração e resistência, pois foi a primeira poeta e escritora que conheceu, quem nunca a deixou esquecer sua origem, ancestralidade e história.

Falando sobre luta, resistência, valorização e orgulho da identidade, a campanha da TV Liberal apresenta uma voz ativa que ecoa pelos povos que buscam conscientizar sobre a preservação da floresta, sua história, de sua ancestralidade e costumes. Acompanhamos a escritora, compositora, doutoranda em linguística e também ativista pelos direitos das mulheres e povos indígenas, por um dia, atuando em exposição permanente do Museu Forte do Presépio, localizado em complexo turístico da capital paraense, Belém. O acervo é formado por diferentes artefatos e tem uma grande variedade de informações sobre os povos originários da região norte do Brasil. De acordo com dados do IBGE de 2010 existem cerca de 305 povos indígenas de etnias diferentes no país e que falam cerca de 274 línguas indígenas, sendo que 324.834 vivem em cidades e 572.083 vivem em áreas rurais.

"Essas narrativas e memórias de lugar, que me tornam a escritora e compositora que sou e a ativista que vem fazendo um trabalho com a música, com a poesia, com a literatura. De várias formas a gente territorializa e grita e ecoa a nossa luta, a nossa permanência e a nossa resistência, mesmo em tempos difíceis como estamos vivendo agora", ressaltou a ativista indígena sobre resistência, luta e arte.

O Dia dos Povos Indígenas é para refletir sobre a origem e as heranças culturais. Um dia que mostra o quanto os povos indígenas ainda têm que lutar pela visibilidade, para resistir com sua história, persistindo pelo reconhecimento de sua cultura na construção da sociedade.

https://redeglobo.globo.com/pa/tvliberal/noticia/dia-dos-povos-indigena…

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