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Desmate caiu 20% em junho, diz MMA

OESP, Vida, p. A16
29 de Jul de 2008

Desmate caiu 20% em junho, diz MMA
É a 2.ª vez que ministro do Meio Ambiente antecipa dados; governo dizia querer evitar politização dos números

Os dados de junho sobre o desmatamento na Amazônia devem ser divulgados hoje no site do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), mas o Ministério do Meio Ambiente (MMA) já anunciou ontem que houve uma redução de 20% nos índices. A antecipação do porcentual foi feita pela assessoria do ministro Carlos Minc ao convidar jornalistas para uma entrevista coletiva hoje, na qual ele vai comentar os números.

O Ministério de Ciência e Tecnologia (MCT) havia anunciado no início do mês que os boletins mensais do Sistema de Detecção de Desmatamento em Tempo Real (Deter) seriam divulgados diretamente pelo Inpe, para evitar especulações e utilização política dos dados. Até então, os números eram divulgados em Brasília, em parceria com o MMA. O Inpe é um instituto do MCT.

Em maio, antes mesmo de tomar posse no ministério, Minc também antecipou os dados do boletim de abril e criou uma polêmica com o governador de Mato Grosso, Blairo Maggi (PR), ao afirmar, de maneira irônica, que o Estado respondia por mais de 60% do aumento do desmate (o dado final foi de 70%). Maggi contestou os números do Inpe e chegou a chamar o instituto de "mentiroso".

Após o incidente, o MCT pediu para que os boletins do Deter fossem mais apurados, com o intuito de blindar o sistema contra novas contestações políticas. Por causa disso, o boletim de maio só foi divulgado na semana retrasada. Parte das imagens do Deter (diárias, porém de baixa resolução) passaram a ser confirmadas com imagens do sistema Prodes (de melhor resolução), o que tornou possível fazer a separação entre corte raso (áreas onde a floresta foi completamente derrubada) e áreas degradadas (onde parte da floresta continua de pé, mas sua estrutura já foi severamente comprometida). Dessa forma, os boletins ficariam mais precisos, porém mais demorados - levam 30 dias para ficar prontos, em vez de 15 dias.

Minc, a princípio, criticou o atraso na divulgação dos dados de maio, mas depois defendeu a ampliação do prazo para distribuição dos relatórios e afirmou que a mudança atendia a crítica "em parte justa" de governadores, como Maggi, e a um "pedido nosso para melhorar a eficácia da fiscalização".

O MMA não especificou se a redução de 20% é em relação ao mês anterior (maio) ou a junho de 2007. Segundo o Estado apurou, a queda foi em relação a maio, quando o desmatamento registrado foi de 1.096 km2. Isso significa que a taxa de junho deve ficar em torno de 875 km2. Em junho de 2007, o desmatamento foi de 1.398 km2.

IMAZON

Além do trabalho do Inpe, o desmatamento também é monitorado mensalmente pelo Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon), uma organização não-governamental com sede em Belém. O Sistema de Alerta de Desmatamento (SAD) do Imazon utiliza as mesmas imagens de satélite que o Inpe, mas aplica uma outra metodologia de análise, o que resulta em números diferentes.

Os dados de junho do SAD foram divulgados ontem. Segundo o Imazon, o desmatamento observado naquele mês foi de 612 km2, o que representa aumento de 23% em relação a junho de 2007. O Estado com maior área desmatada no mês foi o Pará (63%), seguido de Mato Grosso (12%).

Em maio, o Imazon havia detectado 294 km2 de desmatamento (comparado a 1.096 km2 detectados pelo Inpe), o que significa um aumento de 108% em junho (em vez dos 20% de queda anunciados pelo MMA). A cobertura de nuvens (que impede a visualização do satélite) foi de 36% em maio e caiu para 14% em junho, segundo o SAD.

No acumulado de agosto de 2007 a junho de 2008, o desmatamento totalizou 4.754 km2, comparado a 4.370 km2 no período anterior (aumento de 9%), segundo o SAD. A taxa anual de desmatamento na Amazônia é calculada de 1o de agosto a 31 de julho - ou seja, falta só um mês para fechar o calendário.

Meses anteriores

1.096 km2 foi o total da área desmatada em maio deste ano na Amazônia,
segundo dados do Deter, do Inpe
59,5% desse total era de corte raso e outros 28,8% foram de degradação florestal, com desmatamento antigo
1.124 km2 foi o desmatamento registrado em abril, também de acordo com o relatório do Inpe

OESP, 29/07/2008, Vida, p. A16

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