VOLTAR

Desmatamento cai no Brasil, mas sobe em países vizinhos, diz Imazon

G1 - g1.globo.com
07 de Dez de 2012

Desmatamento cai no Brasil, mas sobe em países vizinhos, diz Imazon
Segundo instituto, Bolívia, Equador e Colômbia puxam a alta na Amazônia.
Fatores que afetam a região vão de construção de estradas até mineração.

Rafael Sampaio Do G1, em Belém

Os países da América Latina devem ter cada vez mais ações de cooperação no combate aos crimes ambientais, avalia o cofundador e um dos principais pesquisadores do Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon), Beto Veríssimo. Ele participou do 6o Encontro do Fórum Amazônia Sustentável, realizado em Belém, nesta quarta-feira (5), e avaliou questões sobre desmatamento na região da Pan-Amazônia, que inclui nove países, entre eles Bolívia, Venezuela, Equador e Colômbia, além do Brasil.

O pesquisador apontou que o desmatamento na Amazônia brasileira está em tendência de queda, enquanto em países vizinhos - em especial Bolívia, Equador e Peru - o número aumentou. "Muita gente acha que a Amazônia é apenas o Brasil. Mas o Brasil tem cerca de 65% da floresta, e outros 35% estão em outras nações", ressaltou Veríssimo.

O cofundador do Imazon citou o atlas "Amazônia sob Pressão", divulgado nesta semana por ONGs. Pelo documento, a Amazônia, espalhada por nove países da América do Sul, perdeu 240 mil km² devido ao desmatamento, no total, entre 2000 e 2010.

Ultimamente, a degradação vem ocorrendo de forma mais acentuada nos países vizinhos, e a falta de leis fortes e a discrepância entre as normas são fatores que levam a isto, avalia Veríssimo. "O desmatamento não é um problema só do Brasil, é também do Equador, do Peru. Embora existam diferenças políticas, em termos de bioma [a Amazônia] é uma coisa só", pondera.

"O ideal é que os países tivessem uma política ambiental que respeitasse cada realidade, porém com características mais similares", afirma o pesquisador. "Não adianta o Brasil ter um código de proteção avançado e a Bolívia não ter nenhum."

A degradação ambiental nos países vizinhos afeta o Brasil, diz Veríssimo. Ele cita as nascentes dos rios da Amazônia - quase todos surgem em outros países, como o Rio Negro, que é formado de águas vindas da Colômbia e Venezuela.

"A destruição de florestas na Bolívia afeta o suprimento de águas do Rio Madeira, onde estamos instalando duas hidrelétricas caríssimas. É de nosso interesse acompanhar o que está ocorrendo em outros países", ressalta o pesquisador. Em território boliviano, diz ele, tem havido expansão da soja e da exploração de madeira.

Pressões
De acordo com o atlas, todas as sub-bacias amazônicas foram afetadas por algum tipo de ameaça ou pressão - construção de estradas, exploração de petróleo e gás, construção de hidrelétricas, implantação de garimpos para mineração, desmatamento e queimadas.

Sobre a construção de estradas, o documento afirma que planos para conectar os oceanos Atlântico ao Pacífico aceleram a pressão sobre a Amazônia, e que o Peru e a Bolívia são os países que detêm o maior número de rodovias construídas no meio da floresta.

O relatório aponta também que em toda a Amazônia existem 171 hidrelétricas em operação ou em desenvolvimento, além de 246 projetos em estudo. No caso da mineração, as zonas de interesse somam 1,6 milhão de km² (21% da área total do bioma), em especial na Guiana. Sobre a exploração de petróleo e gás, atualmente existem 81 lotes sendo explorados, mas há outros 246 que despertam interesse da indústria petrolífera.

Referente às queimadas, o relatório das ONGs diz que o sudeste da Amazônia, entre o Brasil e a Bolívia, concentra a maior quantidade de focos de calor - a região recebe o nome de "arco do desmatamento". Esta faixa territorial vai de Rondônia, passando por Mato Grosso, até o Pará.

Brasil é líder na degradação
O relatório computou dados da Bolívia, Brasil, Colômbia, Equador, Guiana, Guiana Francesa, Peru, Suriname e Venezuela. Entre 2000 e 2010, o Brasil foi o principal responsável pela degradação da floresta (80,4%), seguido do Peru (6,2%) e Colômbia (5%). A quantidade é proporcional à área de floresta englobada pelo país (uma participação de 64,3% no território amazônico).

Na última semana, o Ministério de Meio Ambiente divulgou que o desmatamento da Amazônia brasileira registrou o menor índice desde que foram iniciadas as medições, em 1988.

De acordo com dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), entre agosto de 2011 e julho de 2012 houve a perda de 4.656 km² de floresta, área equivalente a mais de três vezes o tamanho da cidade São Paulo. O índice é 27% menor que o total registrado no período entre agosto de 2010 e julho de 2011 (6.418 km²).

G1.globo, 06/12/2012

http://g1.globo.com/natureza/noticia/2012/12/desmatamento-cai-no-brasil…

As notícias aqui publicadas são pesquisadas diariamente em diferentes fontes e transcritas tal qual apresentadas em seu canal de origem. O Instituto Socioambiental não se responsabiliza pelas opiniões ou erros publicados nestes textos. Caso você encontre alguma inconsistência nas notícias, por favor, entre em contato diretamente com a fonte.