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Desastres climáticos no planeta soam alerta para política ambiental do Brasil

O Globo - https://blogs.oglobo.globo.com/opiniao/post
21 de Jul de 2021

Desastres climáticos no planeta soam alerta para política ambiental do Brasil

Por Editorial
21/07/2021

Na Alemanha, o número confirmado de mortos supera os 160. Na Bélgica, mais de três dezenas. As estimativas de desaparecidos desde as chuvas torrenciais e inundações terríveis da semana passada têm caído, mas as mortes ainda podem aumentar - e o estrago está feito. Para quem estava nas áreas mais atingidas e sobreviveu, é provável que julho fique para sempre marcado na memória. A escala das enchentes, que também atingiram a Holanda, chocou até mesmo cientistas do clima. Dias antes de parte da Europa ficar debaixo de água, a América do Norte foi palco de uma onda de calor insuportável. No Noroeste dos Estados Unidos as altas temperaturas provocaram queimadas e mortes.

No Brasil, a atual crise hídrica - mais uma - não levou a mortes. No entanto se agrava, põe em risco o ritmo da retomada econômica e é outra evidência dos distúrbios resultantes do aquecimento global que passaremos doravante a enfrentar com mais frequência.

A União Europeia divulgou neste mês um plano ambicioso para reduzir as emissões de gases causadores do efeito estufa em ao menos 55% até o fim desta década (na comparação com os níveis de 1990) - e neutralizá-las até 2050. As metas incluem a proibição da venda de novos carros movidos a diesel ou gasolina a partir de 2035. Nos Estados Unidos, o presidente Joe Biden está igualmente empenhado em fortalecer a economia verde.

Enquanto isso, no Brasil, o governo segue na mão contrária. No período de 11 meses entre agosto de 2020 e junho de 2021, o desmatamento da Amazônia - principal responsável pelas emissões brasileiras - aumentou 51% em relação aos 11 meses anteriores, segundo dados do Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon). A devastação em junho foi a terceira maior para o mês em dez anos. Fora isso, o desmonte de órgãos de controle, como Ibama e ICMBio, segue a passos largos.

O Brasil participará, em outubro e novembro, de duas conferências fundamentais da ONU. Uma na China, sobre biodiversidade, área de particular interesse para um país com biomas diversos como Amazônia ou Mata Atlântica. A segunda na Escócia, a 26ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP26), em que se esperam avanços em áreas como a precificação das emissões de carbono.

Infelizmente o Brasil está muito atrasado na transição rumo à economia limpa. Para dar uma ideia, o fator tem sido completamente desprezado na resposta à crise hídrica, dependente das termelétricas. O governo brasileiro nem consultou sociedade civil, setor empresarial e comunidade científica sobre as posições a adotar nesses dois importantes eventos. Os novos ministros do Meio Ambiente, Joaquim Leite, e das Relações Exteriores, Carlos França, fogem do figurino histriônico dos antecessores - decerto um avanço. Fica a dúvida, porém, se a mudança ficará restrita apenas ao estilo, sem alterar a devastação amazônica nem o conteúdo da política antiambiental bolsonarista.

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