VOLTAR

Depois do Cantareira, seca em São Paulo afeta reservatório Alto Tietê

Valor Econômico, Brasil, p. A2
17 de Jul de 2014

Depois do Cantareira, seca em São Paulo afeta reservatório Alto Tietê

Luciano Máximo
De São Paulo

Depois de quase secar o Cantareira, maior reservatório de água da Grande São Paulo, a estiagem vivida em todo o Estado desde o fim do ano passado traz consequências duras para o segundo maior reservatório da região, o sistema Alto Tietê, que abastece 4,5 milhões de pessoas na capital paulista e em outros 9 municípios da região metropolitana. Até ontem, a capacidade do Alto Tietê marcava 23,4%, mais de 20 pontos percentuais a menos que os 46,3% registrados no início deste ano.
Especialistas em saneamento e recursos hídricos e gestores públicos de cidades beneficiadas pelo Alto Tietê demonstram preocupação com a acelerada perda de volume do reservatório. A Sabesp, por sua vez, informou que o sistema "opera dentro das expectativas da companhia" e que faz estudos para, a exemplo do que ocorreu com o Cantareira, utilizar a reserva técnica do Alto Tietê, também conhecida por volume morto. Reservatórios menos afetados pela seca, diz a empresa, também podem minimizar o problema do Alto Tietê.
Nas contas do engenheiro José Roberto Kachel dos Santos, que trabalhou por 34 anos na Sabesp e atualmente é professor da Universidade Mogi das Cruzes (UMC), se a estiagem persistir nos próximos meses, o reservatório Alto Tietê está fadado a secar em 118 dias.
"A Sabesp afirma que o bônus na conta está ajudando a reduzir o consumo, mas o reservatório mantém as perdas aceleradas. A solução é chover, mas o subsolo já está comprometido, mais seco que o normal. Seria necessário chover no mínimo três vezes e meia a quatro vezes mais que a média pluviométrica histórica para a vazão média afluente [entrada de água] voltar ao sistema. Antes de aparecer nos rios e nas represas, a água tem que encharcar o subsolo", diz Santos.
Edemir Pereira Vital, secretário municipal de Meio Ambiente de Suzano, cidade de 280 mil habitantes atendida pelo Alto Tietê, diz que monitora o abastecimento da cidade diariamente com a Sabesp. "A situação é preocupante. A prefeitura de Suzano está acompanhando de perto a situação e colaborando com campanhas permanentes para redução do consumo", conta Vital.
Mogi das Cruzes compra do Alto Tietê 35% da água necessária para seu abastecimento - os 65% restantes são captados diretamente do rio Tietê pela autarquia municipal de saneamento - e também aposta em campanhas de conscientização para estimular a população, de 415 mil habitantes, a reduzir o consumo e em práticas para minimizar o desperdício do sistema de abastecimento.
"O nível histórico [do rio Tietê] dos últimos dez anos está dentro da média. Fazemos acompanhamento diário junto com a Sabesp, às vezes duas vezes por dia. Nos preocupamos com a situação do Alto Tietê, pois 35% da nossa população depende dele, mas até agora o fornecimento pela Sabesp está normal", informa Dirceu Lorena de Meira, diretor-adjunto do Serviço Municipal de Águas e Esgotos de Mogi das Cruzes (Semae). "Entre janeiro e abril, houve uma redução média de 10% no consumo de água na cidade, o que demonstra a participação da população na campanha de conscientização. Também implantamos uma central de controle operacional para monitorar toda a rede de água e esgoto na cidade para evitar desperdícios e corrigir vazamentos com mais agilidade", acrescenta Meira.
Em nota, a Sabesp esclareceu que faz monitoramento diário do Alto Tietê e que desde abril a ampliação do bônus da conta de água passou a beneficiar os municípios atendidos pelo reservatório. Segundo a empresa, a água excedente de sistemas menos afetados pela seca (Rio Grande e Rio Claro) será encaminhada à região do Alto Tietê. "É importante destacar que em outubro tem início o período de chuvas, o que deve ajudar a normalizar os níveis dos mananciais."

Valor Econômico, 17/07/2014, Brasil, p. A2

http://www.valor.com.br/brasil/3616566/depois-do-cantareira-seca-em-sao…

As notícias aqui publicadas são pesquisadas diariamente em diferentes fontes e transcritas tal qual apresentadas em seu canal de origem. O Instituto Socioambiental não se responsabiliza pelas opiniões ou erros publicados nestes textos. Caso você encontre alguma inconsistência nas notícias, por favor, entre em contato diretamente com a fonte.