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Copel 'dribla' fornecedora argentina

OESP, Economia, p. B11
28 de Abr de 2015

Copel 'dribla' fornecedora argentina
WPE está com sérios problemas financeiros e, para concluir usina de Colíder, estatal paranaense passou a pagar diretamente os fabricantes

ANDRÉ BORGES - O Estado de S.Paulo

A Companhia Paranaense de Energia (Copel) decidiu adotar uma medida extrema para tentar reduzir o atraso da Hidrelétrica de Colíder, que está em construção na região norte do Mato Grosso. Por conta do abismo financeiro em que sua fornecedora de turbinas se meteu - a empresa argentina Wind Power Energia (WPE), controlada da Impsa -, a Copel partiu para um caminho nada usual: procurou diretamente cada um dos fornecedores de componentes que a WPE possui, renegociou contratos com essas empresas e passou a pagar diretamente cada um dos fabricantes, tudo para garantir a entrega do maquinário.
Por conta do acordo, a estatal paranaense passou a pagar diretamente empresas de países como Rússia, República Checa e Romênia. O receio era de que, caso pagasse à WPE pela fabricação das turbinas e demais equipamentos da usina, esse dinheiro não fosse usado pela contratada para adquirir os equipamentos de Colíder.
Em entrevista ao Estado, o presidente da Copel, Sergio Lamy, disse que a decisão contou com a colaboração da própria Impsa, que também vive dias difíceis para honrar seus compromissos na Argentina. A Copel chegou a analisar a possibilidade de trocar de fornecedor, mas dado o andamento da obra e as especificações técnicas das máquinas, não viu outra alternativa, a não ser seguir com o mesmo projeto até o fim. "Tivemos de mapear todo o processo de fabricação, toda a cadeia de fornecimento. Vimos todos que estão por trás da WPE e fizemos contato com todos os fornecedores. Estamos fazendo o pagamento diretamente a ele. O risco de passar o dinheiro para a WPE e ela não aplicar no projeto era grande", disse Lamy.
Atraso. A Hidrelétrica de Colíder está com seu cronograma absolutamente comprometido. Em construção desde 2011 no Rio Teles Pires, na porta de entrada da Amazônia, a hidrelétrica de R$ 1,5 bilhão deveria ser entregue este mês, mas problemas ligados a licenças ambientais, invasões, atos de vandalismo e greves levaram a Copel a pedir à Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) que a conclusão seja prorrogada para fevereiro de 2017.
Reportagem publicada na semana passada pelo Estado revelou que a Copel pediu 644 dias de prorrogação no cronograma da usina, mas a área técnica só reconheceu 214 dias de atraso, ou seja, a estatal seria responsável pelos demais 430 dias de descumprimento do contrato, tendo de responder por todos os compromissos financeiros da hidrelétrica nesse período. O assunto ainda vai passar pela diretoria colegiada da Aneel.
Lamy disse que a Copel discorda da análise da área técnica e que, nos próximos dias, vai apresentar novas documentações e argumentos que possam reforçar seu pedido de adiamento. Se o posicionamento da unidade técnica for mantido, a Copel estaria diante de uma punição potencial de até R$ 501 milhões, se considerado apenas o montante de energia que a empresa teria de comprar no mercado livre, em preço-teto, para honrar os compromissos assumidos com as distribuidoras. Em contrapartida, a empresa teria uma receita de R$ 177 milhões a receber dessas mesmas distribuidoras pelo fornecimento da carga, ou seja, o prejuízo final ficaria em R$ 324 milhões.
O presidente da Copel disse que a empresa tem "feito o possível e o impossível" para tentar reduzir o atraso de Colíder. Em vez de entregar a usina em fevereiro de 2017, a meta seria iniciar sua operação em março de 2016. Dessa forma, disse Lamy, em vez de 644 dias de adiamento, a postergação cairia para 455 dias. Se considerada essa meta, a punição analisada pela Aneel cairia para cerca de R$ 280,8 milhões. Com a receita de R$ 99,4 milhões para receber das distribuidoras no mesmo período, o prejuízo efetivo seria estimado em cerca de R$ 181 milhões, comentou o executivo. "Isso é só uma estimativa, mas temos esperança que a diretoria da Aneel será mais sensível."

OESP, 28/04/2015, Economia, p. B11

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