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Coordenador regional substituto da Funai em Ji-Paraná, RO, é exonerado do cargo

g1.globo.com/ro
Autor: Mayara Subtil
24 de Jul de 2020

https://g1.globo.com/ro/rondonia/natureza/amazonia/noticia/2020/07/24/c…

Vicente Batista Filho também era chefe da Divisão Técnica e trabalhou na fundação por 32 anos. Novo profissional é militar ligado ao partido Solidariedade.

O chefe da divisão técnica e coordenador regional substituto da Fundação Nacional do Índio (Funai) em Ji-Paraná (RO), Vicente Batista Filho, foi exonerado do cargo. Ele estava na fundação há cerca de 32 anos e à frente da luta contra o desmatamento nas terras indígenas da região, principalmente na Karipuna, a terra mais ameaçada por queimadas em 2019.

A exoneração foi publicada em portaria do Diário Oficial da União de quinta-feira (23). No documento, o presidente da Funai, Marcelo Augusto Xavier da Silva, dispensa o coordenador substituto das atividades.

No lugar, a Funai nomeou João Carlos Gerheim Infante, militar filiado ao partido Solidariedade. Vicente permaneceu por pouco mais de dois anos na função de chefe de divisão.

O agora ex-coordenador substituto informou que recebeu com surpresa a decisão. "Motivo não tem. Não houve nenhum problema administrativo, nada que levasse a isso. Eu só tinha o cargo comissionado. Foi sem explicação e até hoje, ninguém sabe. Inclusive eu estava em atividade de campo, ajudando na distribuição de cesta básica na Uru-Eu-Wau-Wau. Eu já estava exonerado e não sabia", explicou.

"Todos fomos pegos de surpresa, incluindo as lideranças indígenas", disse Vicente Batista.
Uma das lideranças foi Adriano Karipuna. Segundo o indígena, a saída de Vicente é uma perda grande, já que o agora ex-coordenador substituto combatia crimes organizados de desmatamento nos territórios da região.

"Ele [Vicente] deixou um bom trabalho para os Karipuna nessa questão, além da agricultura e outros tipos de trabalho voltados aos indígenas. Fomos pegos de surpresa", lamentou.

O G1 procurou a Funai em Brasília para comentar a exoneração e, em resposta, declarou apenas que em caso de cargos comissionados "são de livre nomeação e exoneração por parte do gestor". Informou também que os trabalhos de fiscalização realizados pela coordenação regional seguem em curso.

Queimadas na Karipuna
A Karipuna, terra indígena de Rondônia e que tem 153 mil hectares, têm o território mais ameaçado do Brasil quando o quesito é o número de focos em um raio de até 5 quilômetros da demarcação.

Quando o critério é queimada dentro da área, a terra está entre as 20 com mais queimadas no Brasil em 2019.

O território abrange parte de Porto Velho e de Nova Mamoré. Nos últimos 10 anos, o povo aparece sete vezes no topo da lista de terras com mais focos detectados em um raio de até 5 quilômetros do território.

No ano passado, o G1 visitou a Karipuna para entender como estavam resistindo às pressões e se deparou com a base da Funai furtada, desmatada ao redor, destruída e queimada.

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