VOLTAR

Conselho Indígena de Roraima faz cobrança no 'Abril Indígena'

Folha de Boa Vista
Autor: Neuraci Soares
18 de Abr de 2007

O Conselho Indígena de Roraima (CIR) participa das atividades do "Acampamento Terra Livre 2007" realizado em Brasília, de 16 a 19 de abril, com o objetivo de exigir do Governo Federal atitude e vontade política na promoção de mudanças na elaboração e na aplicação de sua política pública indigenista. Cerca de mil lideranças indígenas de todo o país participam da programação, reunidas na Esplanada dos Ministérios.A mobilização, também batizada de "Abril Indígena", acontece desde 2004 como parte das ações realizadas pelo movimento durante todo o mês de abril nas distintas regiões do país.

O coordenador-geral do CIR, Dionito José de Souza, informou que os membros do conselho - Sarlene Moreira, Marinaldo Justino, Clóvis Ambrósio e Kátia Mecias - já estão em Brasília participando das atividades. Mais dois membros, Luciana Pinto e Valmar Alves de Souza, devem reforçar a equipe a partir de hoje.

Dionito disse que o CIR elaborou um documento que será repassado para os grupos de trabalho durante esta semana em Brasília. Entre as reivindicações está a imediata retirada dos não-índios da terra indígena Raposa Serra do Sol, em especial dos arrozeiros que continuam ampliando a área de produção.

Em outro ponto do documento, Dionito afirma que as comunidades ligadas ao CIR não aceitam a criação do Distrito de Surumu, em Pacaraima, como está sendo articulado, e não aceitam também a ampliação das terras indígenas que foram demarcadas em ilhas, na década de 70 e 80, entre elas Truaru, Canauani, Malacacheta, Ponta da Serra e Moriru.

O coordenador do CIR disse que irão solicitar também a imediata identificação da terra indígena Arapuá, na região do Taiano, no Município de Alto Alegre. "Somos também contra a construção da hidrelétrica do rio Cotingo, que está sendo articulada no Congresso Federal, por meio do Projeto de Lei no 434", acrescentou.

O documento conta ainda com uma nota de repúdio ao relatório da Agência de Inteligência Brasileira (Abin), que relata os índios como ameaça à soberania nacional e futuros terroristas.

"Esse relatório realmente nos deixou chocados, pois não buscamos nos envolver em movimentos violentos, à base de força ou armados. Sempre buscamos nossos direitos de forma passiva e dentro da lei. Um exemplo é a retirada dos não-índios da Raposa Serra do Sol, que há dois anos foi demarcada e até hoje temos não-índios no local. Mas mesmo assim, nunca fizemos nenhum movimento violento na localidade e não temos intenção de fazer", destacou.

Ele disse que os povos indígenas esperam que esta mobilização em Brasília possa surtir efeito em relação às políticas indigenistas do Governo Federal e que mudanças possam acontecer em favor dos povos indígenas em todo o país.

As notícias aqui publicadas são pesquisadas diariamente em diferentes fontes e transcritas tal qual apresentadas em seu canal de origem. O Instituto Socioambiental não se responsabiliza pelas opiniões ou erros publicados nestes textos. Caso você encontre alguma inconsistência nas notícias, por favor, entre em contato diretamente com a fonte.