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Conhecimento indígena recebe reforço científico no Javari

Portal Amazônia - http://portalamazonia.globo.com
13 de Ago de 2010

MANAUS - Mais de 2 mil indígenas que vivem especialmente nos rios Javari, Jaquirana, Ituí, Itacoí e Curuçá, no município amazonense de Atalaia do Norte (a 1.138 quilômetros de Manaus), no Alto Solimões, vão ser diretamente beneficiados com o projeto "Novos e Velhos Saberes: Uma interlocução de práticas tradicionais e cientificas de cuidados com a saúde indígena no Vale do Javari".

O objetivo é promover a qualidade de vida desses povos por meio do diálogo intercultural entre as práticas tradicionais indígenas e científicas de cuidados com a saúde.

Elaborado pela Secretaria de Estado para os Povos Indígenas (Seind), o projeto é de R$ 244 mil e foi o único do Amazonas a ser aprovado pelo Conselho Gestor de Direitos Difusos do Ministério da Justiça, na categoria Projetos Prioritários.

A ação resulta numa maior valorização dos conhecimentos tradicionais para uma vida mais saudável.

A partir do próximo ano, a Seind em parceria com o Distrito Sanitário Especial Indígena (DSEI/Vale do Javari) e organizações indígenas locais vai realizar oficinas de educação em saúde com as comunidades indígenas relacionadas. Os resultados comporão cartilhas bilíngües que expressarão como os indígenas e o sistema oficial de saúde podem atuar juntos na prevenção de doenças corriqueiras.

De acordo com a gerente de Pesquisa e Conhecimentos Tradicionais da Seind, a socióloga Chris Lopes, os povos indígenas têm conhecimentos próprios sobre o processo saúde-doença e, no Vale do Javari, estes conhecimentos são fortemente praticados ao mesmo tempo em que as comunidades contam com os serviços do DSEI. Mesmo assim, o questionamento das lideranças e dos profissionais de saúde é por que os indígenas continuam adoecendo das mesmas doenças.

Segundo ela, há razões diferentes para ambas as percepções, por isso, o projeto foi discutido e elaborado para gerar conhecimentos preventivos de doenças corriqueiras e informar sobre as doenças mais complexas como as DSTs, unindo os saberes indígenas e as práticas oficiais de cuidados com a saúde. "É um trabalho que precisa ser incorporado, tanto nas ações do sistema de saúde quanto no cotidiano das comunidades como forma de promover qualidade de vida", observa a socióloga.

Histórico

O Vale do Javari é a terceira maior terra indígena do Brasil e fica localizada no município de Atalaia do Norte, estado do Amazonas. Faz fronteira internacional com o Peru e nacional com o estado do Acre. Tem uma população de aproximadamente 3,5 mil indígenas, distribuídos entre cinco povos contatados: Marubo, Matis, Kulina e Kanamary.

O contato desta região data da década de 50 com a implantação de programas nacionais de desenvolvimentos. Desde então, a sociedade local, especialmente as organizações indígenas, vem registrando invasões do território indígena por madeireiros e pescadores clandestinos quase sempre peruanos, o que desencadeou uma série de problemas aos indígenas como assassinatos, estupros, abandono do território original, alcoolismo, suicídio e, o mais freqüente, o contato cada vez mais presente facilitou a entrada das "doenças de branco".

No campo da saúde, estudos atuais registram a ocorrência de doenças como hepatites virais, filarioses, doenças infecto-contagiosas e do aparelho respiratório.

O movimento social indígena em processo de fortalecimento no Vale do Javari tem sido o porta-voz das reivindicações e problemáticas que os envolve. Nesse processo, organizações como a União dos Povos Indígenas, Unijava e a Associação Marubo de São Gabriel (Amas), buscam frequentemente a colaboração de entidades sociais para a promoção e a proteção dos direitos e saberes indígenas.

http://portalamazonia.globo.com/pscript/noticias/noticias.php?idN=110055

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