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A conferência do clima

FSP, Opinião, p. A2
Autor: ODEBRECHT, Emílio
22 de Nov de 2009

A conferência do clima

Emílio Odebrecht

A conferência do clima que acontecerá no mês de dezembro em Copenhague está na agenda de todos os líderes do planeta. Não poderia ser diferente.
Mantidas as tendências atuais, os efeitos das mudanças climáticas serão observados já na segunda metade deste século, com profundas consequências na qualidade de vida de nossos netos e bisnetos.
Por isso, causou espanto o anúncio conjunto feito por Estados Unidos e China de adiar qualquer compromisso de meta para 2010.
Trata-se de uma atitude arrogante, baseada em uma lógica de curto prazo. Americanos e chineses demonstraram que não estão dispostos a abrir mão de nada, materializando uma visão de eleição, quando o momento exige uma visão de geração.
Isso significa que o reconhecimento da importância do tema e de sua condição de prioridade não são suficientes.
É imperativo que, por um lado, o eleitor exerça seu poder de pressão exigindo e confirmando no voto sua opção por candidatos realmente comprometidos com a causa e, por outro, que se adotem formas de compensação real, estimuladoras das medidas necessárias à construção de uma economia de baixo carbono, de modo a minimizar as perdas econômicas e financeiras decorrentes dessas medidas.
O Brasil pode liderar a busca de soluções, pois temos vantagens comparativas para isso. Há o desmatamento da Amazônia, mas reduzi-lo é uma meta de interesse nacional. Nossa matriz energética é limpa, centrada na hidreletricidade. Somos o país do etanol, do biodiesel e de outras fontes renováveis. Finalmente, temos o potencial humano e nossas universidades e centros de pesquisa.
É importante que, na reunião de Copenhague, sejam alcançados resultados concretos quanto a uma meta de redução de emissões. Para incentivar maiores investimentos privados no desenvolvimento de novas tecnologias e soluções é essencial que as regras do Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL) sejam simplificadas e estabelecidos incentivos claros, com marcos bem definidos e de longo prazo, porque os efeitos das mudanças climáticas serão de longo prazo.
Entretanto, se aos governos cabe articular os movimentos internacionais, o setor privado deve assumir o papel fundamental que tem nesse processo -compreendendo a magnitude do desafio; evitando posições essencialmente defensivas; buscando a melhoria gradual da sua eficiência; desenvolvendo soluções inovadoras que proporcionem incremento de produtividade e de crescimento decorrente de novas oportunidades de geração de riquezas para toda a sociedade.

FSP, 22/11/2009, Opinião, p. A2

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