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Como Balbina

OESP, Fórum dos Leitores, p. A2
Autor: PACINI, Gilberto
19 de Abr de 2010

Como Balbina

A construção da Usina de Belo Monte, no Rio Xingu, é um absurdo diante de tantas dúvidas ainda existentes. Belo Monte deverá produzir, na média, apenas 40% da sua capacidade nominal e menos de 1%, em época da seca, inundando uma área de 516 km², que provocará uma catastrófica interferência na fauna, na flora e nos habitantes da sua área de influência. Será a versão petista da Usina Hidrelétrica de Balbina, também construída na Amazônia no período do governo militar e que se constituiu num monumento à estupidez humana, tendo causado o maior desastre ambiental já ocorrido no Brasil. Balbina produz, atualmente, 275 MW de energia, ao mesmo tempo que seu reservatório libera uma quantidade de dióxido de carbono cerca de dez vezes a de uma a usina termoelétrica. É a maior fonte de poluição da floresta amazônica. Construir a terceira maior usina hidrelétrica do planeta (pelo menos em teoria) naquela região, distante dos polos de consumo, para que produza apenas 4.500 MW em média, é uma incontrolável vontade de competir com Balbina. Chega a ser absurdo que um grupo de passagem pelo governo tome tal decisão e alegue que a usina é fundamental para o fornecimento futuro de energia elétrica. Ocorre que a preservação da floresta amazônica em futuro próximo talvez seja mais importante do que o fornecimento de eletricidade. Já passou da hora de os governantes projetarem usinas hidrelétricas de menor capacidade e de menor impacto ambiental, além do aproveitamento das energias eólica, solar, entre outras.

Gilberto Pacini benetazzos@bol.com.br
São Paulo

OESP, 19/04/2010, Fórum dos Leitores, p. A2

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