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Com oferta menor, etanol continuará caro

FSP, Mercado, p. B10
25 de Out de 2011

Com oferta menor, etanol continuará caro
Moagem da atual safra de cana terminará mais cedo e a de 2012 começará mais tarde, reduzindo oferta no mercado
Em parte das usinas, moagem termina na metade de novembro; cerca de 50 unidades já pararam neste ano

MAURO ZAFALON
COLUNISTA DA FOLHA

Os consumidores de etanol vão ficar afastados das bombas de abastecimento neste ano por um período maior do que no anterior. A safra de cana-de-açúcar está terminando mais cedo e o início da moagem de 2012 começará mais tarde. Com isso, a oferta de álcool será menor nos próximos meses e os preços vão manter tendência de alta.
"A safra está ruim", diz Plinio Nastari, da Datagro, consultoria especializada no setor. Boa parte das usinas vai encerrar a moagem a partir de 15 de novembro, com algumas estendendo a atividade até a primeira quinzena de dezembro. Cerca de 50 usinas já pararam neste ano.
A próxima safra deverá começar de fato a partir do final de abril e início de maio do próximo ano, diz Nastari. Apesar desse cenário, ele diz que as coordenadas do abastecimento e da produção já estão dadas e o setor chegará ao início de maio de 2012 ano com estoques de passagem de 414 milhões de litros.
Demanda menor e preços maiores vão determinar esse estoque de passagem. Quanto aos preços, Nastari diz que o etanol não deve subir muito além do que já subiu. "Um reajuste próximo de 10%." Já o açúcar deverá ter maior variação nos preços, diz ele. Os novos números divulgados ontem pela Datagro mostram que o setor não foi bem neste ano, mas não há previsão de melhora também para o próximo.
A moagem de cana, que foi de 557 milhões de toneladas na safra passada no centro-sul, recua para 490,4 milhões neste ano. No Nordeste, sobe de 63 milhões para 67,3 milhões de toneladas. A menor oferta de cana derruba a produção de álcool para 22 bilhões de litros na safra 2011/12, após ter atingido 27,4 bilhões na anterior.
A produção nacional de açúcar, apesar de as usinas terem destinado mais cana para esse produto, recua para 35 milhões de toneladas, abaixo dos 38 milhões da safra anterior. O total produzido de álcool será de 19,9 bilhões de litros na região centro-sul, abaixo dos 20,4 bilhões de litros que serão consumidos.
Produção menor e entressafra maior jogam o problema para a Petrobras, que deverá fornecer mais gasolina para o mercado nacional. A octanagem do álcool é maior do que a da gasolina. Portanto, a redução da mistura força a Petrobras a reduzir a produção de gasolina para ter esse derivado com octanagem maior.
Além disso, a empresa deverá elevar as importações, o que já vem fazendo. Até setembro, as compras externas somaram 850 milhões de litros, 66% mais do que no ano passado.

PROBLEMA CONTINUA
O problema deste ano continuará no próximo. Os produtores tiveram dificuldade de renovação dos canaviais, devido ao clima seco, e essa cana só estará disponível para as usinas em 14 meses.
A região centro-sul, a principal produtora de cana-de-açúcar, vive atualmente um clima bem diferente dos demais anos. "Temos no centro-sul um padrão típico de Brasília para cima, sem chuva", diz Nastari.
Com isso, a produção de cana-de-açúcar neste ano é de 71 t a 72 t por hectare, bem abaixo do padrão normal, de 84,9 t a 85 t. O clima desfavorável reduziu o rendimento agrícola e a oferta de ATR (açúcar total recuperável) desta safra é 16,3% inferior à da temporada passada na região centro-sul.
O cenário não é bom. O Brasil levará de três a quatro anos para voltar ao patamar de rendimento agrícola dos últimos dois anos.

FSP, 25/10/2011, Mercado, p. B10

http://www1.folha.uol.com.br/fsp/mercado/me2510201123.htm

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