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Clima e investimentos

O Globo, Economia Verde, p. 20
Autor: VIEIRA, Agostinho
27 de Ago de 2013

Clima e investimentos
Pesquisa com investidores de várias partes do mundo mostra que mais de 50% deles consideram os impactos do aquecimento global na hora de tomar decisões. Já os prefeitos estão de olho nas oportunidades.

Agostinho Vieira
oglobo.globo.com/blogs/economiaverde

Será que vale continuar apostando numa indústria movida a carvão? Uma legislação climática mais rígida a partir de 2015 mudará o retorno sobre o valor investido? O gás de xisto é realmente uma oportunidade ou um enorme risco? Perguntas como estas têm sido feitas regularmente por 53% dos gestores de ativos financeiros ouvidos por uma pesquisa mundial feita pela Mercer, empresa de consultoria.
Entre os entrevistados, estão gigantes do setor como o fundo California Public Employees Retirement (CalPERS) e o PGGM, além de gestores de ativos como o BlackRock, o BNP Paribas e os Hastings Funds Management. Juntos, eles somam mais de US$ 14 trilhões em recursos. Quando as perguntas são feitas apenas para os proprietários dos ativos, o nível de preocupação com as questões climáticas sobe de 53% para 69%. Grande parte deles já transformou essas indagações em norma e nenhum recurso é alocado sem que elas sejam bem respondidas.
De um modo geral, o sentimento é de que o risco material representado pelas mudanças climáticas é um fato. Não dá para ser desconsiderado. Por outro lado, ainda existe muita dúvida sobre a capacidade dos governantes mundiais de criar leis mais rigorosas para enfrentar o problema. Investimentos de longo prazo precisam considerar estes dois pontos, o que torna as decisões mais complicadas.
Mais da metade dos pesquisados garante que tem feito análises sobre os riscos climáticos dos seus portfólios. Já 70% afirmam ter pelo menos um projeto na carteira relacionado com a economia de baixo carbono. É exatamente nisso que apostam os 110 prefeitos ouvidos num estudo da ONG Carbon Disclosure Project (CDP). Mais de 90% acreditam que o tema vai gerar novas oportunidades de negócio, com uma economia anual de US$ 40 milhões.
O relatório, intitulado "Cidades Mais Ricas e Saudáveis", mostra que 71 municípios já estão recebendo novas indústrias ligadas a tecnologias limpas. Só com projetos de eficiência energética, Los Angeles já teria poupado cerca de US$ 13 milhões. A preocupação com a saúde e a qualidade de vida é recorrente entre as respostas dos prefeitos. Ou seja, no discurso de investidores e políticos o mundo parece caminhar melhor. Mas só no discurso.

O Globo, 27/08/2013, Economia Verde, p. 20

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