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Chega de madeira ilegal na TI Cachoeira Seca!

Greenpeace - www.greenpeace.org
02 de Out de 2015

Nove integrantes de uma quadrilha que extraía madeira ilegal dentro da Terra Indígena Cachoeira Seca, do povo Arara, no Pará, foram presos em flagrante durante ação de fiscalização do Ibama.

No local foram descobertas dezenas de toras de madeira nobre, como o ipê, além da circulação de caminhões entrando e saindo da floresta por uma estrada de mais de 100 quilômetros de extensão que foi aberta por madeireiros dentro da TI.

"É como se um imenso tapete verde estivesse cheio de buracos", diz a reportagem do Bom Dia Brasil, na TV Globo, que acompanhou a fiscalização do Ibama. Veja aqui.

Em junho deste ano, o Greenpeace denunciou a retirada de madeira ilegal na TI Cachoeira Seca. No relatório A Crise Silenciosa da Amazônia - Licença para lavar: garantida mostramos que o plano de manejo da Agropecuária Santa Efigênia, no município de Uruará, no Pará, tinha apresentado um inventário florestal onde o número de árvores da espécie Ipê era superestimado, com um volume 1300% maior do que a média encontrada para a espécie na natureza.

A Santa Efigênia, por sua vez, é cortada por uma estrada que adentra a Terra Indígena (TI) Cachoeira Seca, onde agora houve a fiscalização do Ibama. Boa parte da TI, inclusive os arredores dessa estrada, sofre há décadas com a invasão de madeireiros, que vem sendo denunciada há muito tempo pelos indígenas.

A campanha Chega de Madeira Ilegal, lançada em maio de 2014, tem mostrado que os créditos excedentes gerados por meio de fraudes são utilizados justamente para esquentar madeira ilegal extraída de áreas sem autorização, como terras indígenas e unidades de conservação, ou podem ser vendidos para as serrarias da região que utilizam esses créditos com a mesma finalidade. A extração ilegal de madeira é o primeiro passo para a destruição da floresta e ainda gera violência contra os povos tradicionais que vivem no local.

"Apesar do esforço do Ibama, práticas de lavagem de madeira continuam ocorrendo por conta de falhas generalizadas no sistema de controle madeireiro", diz Marina Lacôrte, da Campanha da Amazônia do Greenpeace. "Ações como essa são importantes, e, para que o problema acabe de verdade, é necessária uma reforma robusta no sistema de controle, começando pela revisão de todos os planos de manejo", completa Lacôrte.

A denúncia feita pelo Greenpeace na época levou a Secretaria Estadual de Meio Ambiente e Sustentabilidade do Pará (Semas-PA) a realizar uma fiscalização no plano de manejo, que confirmou as irregularidades na área, concluindo que houve fraude no inventário florestal. Porém, a vistoria e as multas não impediram que a Agropecuária Santa Efigênia continuasse movimentando os créditos excedentes, o que indica que madeira ilegal "lavada" com esses créditos entrou no mercado nacional e internacional: 99% do volume de ipê autorizado foi comercializado. Essa madeira foi destinada a diversas serrarias localizadas nos municípios de Uruará e Placas, onde o monitoramento por satélite mostrou na ocasião uma enorme quantidade de áreas degradadas no entorno.

"É uma organização criminosa de fato, essas pessoas não agem de forma isolada, já têm para qual serraria levar, a serraria não recebe a madeira sem ter também a possibilidade de documentar, de esquentar essa madeira, dilapidando um patrimônio brasileiro", disse o coordenador do Grupo Especial de Fiscalização do Ibama, Roberto Cabral, à reportagem da TV Globo.

Ainda segundo a reportagem, foram encontrados ainda tratores e caminhões, e as nove pessoas detidas já foram liberadas depois de terem sido multadas pelo Ibama por transporte e exploração ilegal de madeira.

http://www.greenpeace.org/brasil/pt/Noticias/Chega-de-madeira-ilegal-na…

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