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Ceramistas Baniwa reencontram sua cerâmica tradicional no Museu do Índio (RJ)

ISA- http://www.socioambiental.org
Autor: Thiago Oliveira e André Baniwa
31 de Mai de 2014

Entre 4 e 11 de maio, uma comitiva Baniwa, do Rio Aiari, visitou o Rio de Janeiro participando de diversas atividades do Projeto de Documentação da Cultura Baniwa (Prodocult Baniwa), realizado pelo Museu do Índio/Funai/Unesco, com coordenação do antropólogo Thiago Oliveira (doutorando Museu Nacional/LARMe/ CNPq). O ISA deu apoio logístico no translado da aldeia até São Gabriel da Cachoeira e no custeio da viagem de uma das ceramistas. André Baniwa, coordenador da Organização Indígena da Bacia do Içana (Oibi), acompanhou Carlos Fontes, André da Silva Fontes, Nazária Montenegro, Carolina Campos e Maria de Lima no intercâmbio cultural.

O Prodocult Baniwa é um projeto centrado na salvaguarda da cerâmica baniwa e dos saberes associados a esta tradição. Por essa razão foram convidadas três ceramistas dessa etnia, engajadas na manutenção deste saber.

As atividades no Museu do Índio se iniciaram na segunda-feira, 5/5, com uma rápida apresentação musical com flautas japurutu que foi seguida de uma palestra sobre a cerâmica baniwa, na qual se discutiu a formação do acervo do Museu do Índio e de outros museus etnográficos do país. Também foi feito um apanhado bibliográfico das referências de pesquisadores e viajantes sobre a cerâmica rionegrina. Com a ajuda dos mapas de Terras Indígenas da Amazônia e do Rio Negro, o grupo de onde mostrou aos funcionários do Museu veio.

Na reserva técnica de cerâmica do Museu do Índio, as ceramistas conhecem de perto a produção de diversos povos indígenas no Brasil
Depois, visitou todos os setores e serviços do museu (reservas técnicas, museologia, conservação e restauro, administração, documentação, diretoria etc). O que mais chamou a atenção dos ceramistas foi a área de conservação e restauro. Ver as peças sendo restauradas e restituídas a um estágio próximo do original deu a eles uma dimensão profunda do trabalho envolvido na conservação de acervos etnográficos e do valor dado a cada uma das peças em um museu.

Mais de 70 exemplares de cerâmica baniwa no acervo

No segundo dia de atividades, iniciou-se o contato com as peças de cerâmica do acervo. As ceramistas puderam ver as peças produzidas por outros povos indígenas com destaque para o acervo de cerâmica Karajá e Asurini do museu. A partir daí, o trabalho se voltou para a observação detalhada de cada um dos mais de 70 exemplares de cerâmica baniwa disponíveis no acervo. O grupo observou também fotografias de objetos presentes em acervos de outros museus no Brasil como o Museu de Antropologia e Arqueologia, Museu Paraense Emilio Goeldi e Museu Nacional. Foram identificadas matérias primas, modos de fazer, padrões gráficos, usos e formas de circulação destes objetos. Nazária, Carolina e Maria estudaram detalhadamente as formas e padrões gráficos das peças do acervo.]

Na sexta feira o grupo conheceu a Quinta da Boa Vista, no bairro de São Cristóvão. A visita se iniciou no Zoológico municipal do Rio de Janeiro, onde o grupo teve contato com animais diferentes daquele que conhecem em seu cotidiano. Ainda na Quinta da Boa Vista, conheceram as áreas expositivas do Museu Nacional, tendo ainda visitado a reserva técnica do acervo etnográfico. Ali tiveram o primeiro contato com peças de plumária rionegrina, incluindo plumária baniwa. Carlos e André Fontes estudaram detalhadamente as peças com intuito de reproduzí-las em casa.

No final do dia a comitiva foi recebida no Museu de Arte do Rio de Janeiro. O curador Paulo Herkenhoff apresentou as salas de exposição descrevendo e discutindo com o grupo as telas, esculturas e fotografias do acervo. Ao final, o grupo retribuiu a acolhida apresentando dois conjuntos de dança com flautas japurutu na sala de exposição do Museu e doando os instrumentos usados na apresentação para o acervo.

Mulheres baniwa aprendem técnicas de torno

No sábado, o grupo visitou um ateliê de cerâmica em Niterói e sua diretora, a ceramista Keiko Mayama, ensinou às mulheres as técnicas de torno mostrando as formas de decorar, modelar e queimar as peças. As mulheres baniwa também falaram de suas técnicas e modos de fazer a cerâmica, encerrando o intercâmbio cultural. Em seguida, o grupo foi até a colônia de pescadores da região oceânica de Niterói comer peixe de água salgada e conhecer o mar.

No ateliê de Keyko Mayama, em Niterói, baniwa trocam experiências com outros ceramistas sobre técnicas e matérias primas

As atividades do projeto terão continuidade neste semestre, com uma oficina de produção de cerâmica baniwa em São Joaquim, no Rio Aiari a ser realizada entre 30/5 e 20/6. Todo o projeto está sendo documentado e as informações levantadas pela pesquisa serão disponibilizadas na forma de filmes e publicações do Museu do Índio.

http://www.socioambiental.org/pt-br/blog/blog-do-rio-negro/ceramistas-b…

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