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Cápsulas contra mosquito da malária entram em teste na região amazônica

OESP, Vida, p. A11
31 de Dez de 2010

Cápsulas contra mosquito da malária entram em teste na região amazônica
Concentrado de óleos vegetais espanta o transmissor da doença de forma barata e com menos efeitos nocivos ao meio ambiente que inseticidas; se testes forem bem-sucedidos, método também poderá ser usado contra os agentes que transmitem a dengue

Liège Albuquerque

Cápsulas gelatinosas que, sem energia elétrica ou fogo, passam a noite protegendo os ambientes - e as pessoas - contra qualquer mosquito estão sendo desenvolvidas em um projeto para o controle da malária. Coordenada pelo entomólogo do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa) Wanderli Tadei, a pesquisa usa a nanotecnologia para causar menos danos ao meio ambiente do que os inseticidas, além de economia.

Paulo Liebert/AE-17/5/2008
Combate. Índias da aldeia Maronal (AM) são submetidas a exame de sangue para malária

"Conseguimos com o protótipo das cápsulas o mesmo índice de mortalidade do mosquito da malária, mas com uma quantidade 25 vezes menor de piretróide (inseticida normalmente colocado na parede das casas para dar o efeito de repelência ao mosquito da malária)", explica o pesquisador.
Se os testes práticos obtiverem sucesso, além de combater o mosquito transmissor da malária, a técnica poderá no futuro ser usada para evitar outras enfermidades. "Podemos dizer que o coquetel de óleos é eficaz contra mosquitos como o transmissor da dengue e outras doenças", afirmou Tadei.
O pesquisador coordena uma equipe de 70 cientistas do Inpa, das Universidades de São Paulo (USP), de Campinas (Unicamp), das federais do Maranhão, Tocantins, Roraima e Mato Grosso e também da Universidade da Califórnia, nos Estados Unidos.
Segundo Tadei, os óleos são muito voláteis, por isso a ideia de encapsulá-los fez com que a liberação ocorra de forma mais lenta. "Usar apenas os óleos em recipientes numa sala pequena podem repelir os mosquitos, mas duram no máximo duas horas. A ideia das cápsulas é chegarmos a um resultado que dure dias."
Espécies locais. As cápsulas em teste misturam vários óleos, na maioria de plantas amazônicas.
O protótipo atual está sendo produzido com micro-cápsulas com dilapiol (extraído da árvore pimenta-longa), óleos de árvores breus, óleo do arbusto pimenta-de-macaco (Piper aduncun) e o eugenol (óleo do cravo-da-índia).
O projeto começou em novembro e está previsto para ser concluído em 2012. Ele conta com recursos da Rede Malária, do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).
Nos laboratórios das duas universidades paulistas envolvidas no estudo estão sendo feitos os testes usando a nanotecnologia para a confecção das cápsulas. Os pesquisadores paulistas também são responsáveis pelos testes de toxicidade do produto em humanos e animais.

Para entender

A malária é uma doença infecciosa com febre aguda, causada por um parasita chamado Plasmodium. A transmissão ocorre por meio da picada do mosquito Anopheles, que se infecta ao sugar o sangue de um outro doente.
Se não for tratada, a malária pode evoluir rapidamente para uma forma grave, com potencial de matar o doente. Os sintomas mais comuns são dor de cabeça, dores no corpo, fraqueza, febre alta e calafrios. Em geral, esse quadro é acompanhados por dor abdominal, dor nas costas, tontura, náuseas e vômitos.

OESP, 31/12/2010, Vida, p. A11

http://www.estadao.com.br/estadaodehoje/20101231/not_imp660135,0.php

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