VOLTAR

Capital vai ganhar outra aldeia

Correio do Estado-Campo Grande-MS
Autor: Joselina Reis
20 de Abr de 2002

Após constatar uma superlotação na Marçal de Souza, o prefeito André Puccinelli anunciou a construção de 80 casas indígenas em área próxima

A Prefeitura de Campo Grande pretende construir outra aldeia urbana no Bairro Tiradentes, para atender à superlotação do Loteamento Marçal de Souza, conforme foi noticiado ontem pelo Correio do Estado. A novidade foi anunciada, no Dia do Indío, pelo prefeito André Puccinelli, durante visita ao local, em comemorações da data na Escola Municipal Sulivan Silvestre.

A nova aldeia, a terceira na Capital, terá aproximadamente 80 casas e o projeto deve ser semelhante ao da Marçal de Souza. De acordo com o prefeito, a área já está escolhida e a mudança acontece ainda neste ano.

Segundo ele, a prioridade deve ser para as famílias remanescentes da própria Marçal de Souza. Pelo menos 30 famílias, hoje, vivem em barracos improvisados nos quintais das casas da aldeia urbana. Para eles, essa foi a única alternativa antes de ir para rua.

A fundadora da comunidade, Enir da Silva Bezerra, lembra que a idéia de uma nova aldeira urbana é importante para evitar que a Marçal de Souza se transformasse em uma favela, como já vem acontecendo com a construção de barracos de lona e pedaços de pau nos quintais. Porém, salienta, aldeia urbana não é a melhor solução para o problema do índio sul-matogrossense.

Ela ressalta que após a criação da Marçal de Souza, pelo município, e a Água Bonita, pelo Governo do Estado, muitas famílias se sentiram esperançosas em deixar a aldeia na área rural e vir para cidade. "Eles ficam no aguardo de outras aldeias urbanas e, isso, não é bom para o índio, ele precisa ficar em seu local de origem", enfatizou.

O prefeito anunciou também que as famílias acampadas nos quintais devem retirar seus barracos. "Isso descaracteriza o nosso projeto arquitetônico e turístico", ressaltou Puccinelli. Quanto à expansão da Marçal de Souza, o prefeito disse que não há possibilidade, pois o projeto de criação da aldeia previu a ocupação de todos os espaços, o que já foi feito.

Na Capital, de acordo com a prefeitura, ainda restam 4,5 mil famílias indígenas desaldeadas. Para Enir Bezerra, a nova aldeia deveria seguir critérios mais rígidos comparados aos adotados nas construções anteriores. O primeiro deles, exemplifica, deveria ser o período de moradia do índio em Campo Grande. Isso desestimularia o êxodo das aldeias do interior.

As notícias aqui publicadas são pesquisadas diariamente em diferentes fontes e transcritas tal qual apresentadas em seu canal de origem. O Instituto Socioambiental não se responsabiliza pelas opiniões ou erros publicados nestes textos. Caso você encontre alguma inconsistência nas notícias, por favor, entre em contato diretamente com a fonte.