Campanha alerta sobre riscos de incêndio

"A natureza do Cariri pede socorro". Este é o grito dos ambientalistas do Cariri em defesa do meio ambiente. Preocupados com os frequentes incêndios ocorridos nesta região, os ambientalistas iniciaram uma campanha de conscientização da comunidade que mora no entorno da Chapada do Araripe. Os incêndios ocorrem nas áreas mais populosas, o que mostra que as pessoas, por descuido ou intencionalmente, provocam os acidentes.

O Geopark Araripe, em parceria com outros órgãos ligados ao meio ambiente, alerta a população sobre esses riscos. "As pessoas devem saber que, além de crime, o fogo destrói casas, vegetação e fauna, que não se recuperam mais. Atear fogo é um ato contra si mesmo, já que, no futuro, teremos que conviver com o desequilíbrio ambiental", alerta o advogado Patrício Melo, gerente do Geopark, acrescentando que a prioridade é a Floresta Nacional do Araripe, mas a campanha será estendida a outros municípios do Cariri, inclusive às áreas de cana-de-açúcar, onde ocorrem focos de fogo.

Na manhã de ontem, uma equipe de estagiários do Geopark esteve no Sítio Coqueiro, no sopé da Serra do Araripe, distribuindo panfletos com os moradores do entorno da Floresta do Araripe, onde os riscos de incêndios são maiores. Somente este mês foram registrados três focos de incêndio na localidade. Os panfletos foram entregues também a motoristas e passageiros de coletivos.

Ao receber o panfleto, o aposentado Bruno Manoel Carlos, 95 anos de idade, disse que já deixou até de fumar para não provocar incêndios. Seu Bruno, que é um dos primeiros moradores do Coqueiro, disse que a queimada é um crime. "Este mato seco que tem aí é um dos melhores adubos", disse o aposentado com a sua experiência de agricultor.

Já a filha dele, Maria Carlos Ferreira, afirma que o fogo do Coqueiro é feito intencionalmente por alguns moradores para evitar que os bandidos se escondam no mato. Ela pede mais segurança para a localidade. O estagiário do curso de História, Danilo José Gonçalves, adverte que o sopé de serra é uma área exuberante que envolve aspectos geológicos e histórico-culturais. Daí o seu interesse pelo trabalho

Cláudia Lopes dos Anjos, que estuda Pedagogia, destaca a importância do trabalho educativo que está sendo feito nas comunidades, lembrando que a queimada causa a perda da fertilidade do solo, retarda e altera o processo de sucessão ecológica das florestas, aumenta a erosão do solo, acelera a extinção dos animais, polui o ar, causa prejuízos à saúde e provoca mudanças no clima.

Campanha

Participam da campanha a Superintendência Estadual do Meio Ambiente (Semace), Floresta Nacional do Araripe (Flona), Secretaria do Meio Ambiente do Crato (Semac), Instituto Brasileiro do Direito a Vida dos Animais e Meio Ambiente (Ibdvama), Corpo de Bombeiros, Comando de Polícia Militar Ambiental (CPMA) e associações de moradores do entorno. Todos estes órgãos ambientais estão envolvidos na campanha que tem como tema o slogan "Jogue Limpo com a Natureza".

Mobilização

Ontem, os representantes destes órgãos ambientais se reuniram na Praça da Sé e de lá seguiram para as comunidades onde ocorreram focos de fogo: Coqueiro, Granjeiro, Serrano e Sítio Fundão. Nos locais, estão sendo feitas visitas às casas para sensibilizar os moradores sobre os problemas causados pelos incêndios. Uma blitz será montada no Posto Rodoviário Estadual, na Batateira, com distribuição de panfletos informativos e, ainda, sacolas de lixo para automóveis.

A ideia da ação, segundo Patrício, é combater as queimadas na área da Chapada do Araripe, que acontecem todos os anos, tendo como período crítico o mês de setembro. É, também, sensibilizar comunidades locais e motoristas sobre os perigos e consequências das queimadas. A blitz ambiental contra queimadas acontecerá uma vez por mês até dezembro.

Desequilíbrio

"Atear fogo é um ato contra si mesmo, pois teremos que conviver com o desequilíbrio ambiental"

http://diariodonordeste.globo.com/materia.asp?codigo=844938